A junção entre uma família em ruínas, uma dupla policial e um criminoso em série, forma a receita que dá origem a “À espreita do mal”, produção da Netflix.
Breve introdução na história
Em uma pequena cidade, o desaparecimento de crianças se torna recorrente. Enquanto isso, uma família passa dificuldades de relacionamento, por algo ocorrido num passado não muito distante.
Greg Harper (Jon Tenney), policial experiente que se depara com problemas familiares e é convocado para o caso que assola a cidade, onde crianças estão sumindo em grande escala, configurando assim, crime serial.
Ao mesmo tempo, coisas estranhas acontecem na casa de Harper e sua família, composta por Jackie (Helen Hunt) e Connor (Judah Lewis), eles têm que descobrir o motivo, correndo riscos psicológicos e físicos.
Suspense ou Terror?
À espreita do mal tem um grande problema de Roteiro logo no início, quando não deixa claro seu objetivo de gênero. A ideia de abordar crimes em série é interessante, porque entra na dinâmica de filmes policiais, mas a produção fica trabalhando demasiadamente em técnicas típicas dos terrores clichês (Jumpscares e trilha não diegética sem nada acontecendo), deixando o espectador confuso sobre a proposta, pelo menos até o início do segundo ato.
Ritmo
O filme apresenta grandes irregularidades quanto ao enredo e o que é construído visualmente. Enquanto acompanhamos a trajetória da família principal no primeiro ato, eventos estranhos assolam sua casa, até aí tudo bem, isso é uma prática comum e funcional nos suspenses, mas quando acontecem de forma exagerada e no mesmo formato em cenas seguidas, sem a intenção de evoluir a narrativa, se torna desagradável.
Depois da repetição excessiva no primeiro ato, temos os segundo e terceiro atos que deixam claros a experiência que o espectador terá até o fim do longa, já que são dadas explicações verbais pontuais. Alguns Plot Twists são legais, mas poderiam ter mais profundidade quanto ao motivo de acontecerem, para não soar como escape gratuito.
Roteiro e Produção
“À espreita do mal“ tem muitos problemas relacionados ao desenvolvimento de enredo e isso acaba custando caro para filmes de Suspense. Não há grandes atores/atrizes e os personagens não cativam a ponto de torcermos pelo seu bem ou mal.
O segundo ato do longa-metragem chega a trazer uma esperança de engrenagem da produção, mas na reviravolta para o terceiro ato, tudo vai por água abaixo, quando conveniências passam a servir de muletas para o Roteiro.
Durante o filme nos deparamos com um conceito interessante, denominado Phrogging (invasão de residências). Phrogging é uma ação feita por criminosos que “pulam” de casa em casa no modo furtivo, se valendo de suas habilidades para praticar sequestros e roubar itens, a fim de obter ganhos sobre as vítimas. Essa ação é muito comum em lugares de subúrbio e condomínios.
Vale a pena assistir?
Infelizmente este não é o filme que eu indicaria quando alguém quisesse algo de Suspense para assistir. Ele tem problemáticas que nos fazem perder o interesse pela história, logo nos minutos iniciais, quando ficam martelando na dinâmica frágil da repetição de elementos que mais pra frente, percebemos não serem conexos com a linha de raciocínio daquele universo.
São poucas as situações que quebram expectativas, fator que deixa o suspense monótono e sem a sensação de perigo iminente. O último ponto de virada é decepcionante e a utilização de figurino sem sentido claro, frustra de vez a esperança alimentada no segundo ato.