Em verdade, as tecnologias vestíveis estão separadas das tecnologias móveis e portáveis, bem como da Internet das Coisas (IoC), apenas para fins didáticos. Para ganhar produtividade e diminuir as externalidades existentes entre a criação de tecnologia e sua adoção em larga escala, é preciso que as pessoas compreendam a importância da computação potente miniaturizada e sua conexão com outros elementos, físicos e virtuais, da vida ordinária.
O prisma do Google Glass é feito de Cristal Líquido em Silício (LCoS) – Himax HX7309 de 640×360 pixels -, com cores sequenciais iluminadas por uma tela com Diodo Semicondutor Iluminado (LED). Elas podem ser desdobradas em sinais visíveis pelo ser humano porque a luz é radiação policromática de banda espectral estreita – produzida por interações energéticas entre elétrons – e é capaz de transpassar determinadas superfícies.
No Glass, a tela é inicialmente polarizada para que uma parte da sua eletroluminescência seja refletida em dois feixes diversos de polarização linear e a outra atravesse o Divisor de Feixe de Polarização (PBS) até atindir o painel de LCoS, que reflete a luz recebida e a altera da polarização-P para polarização-S nos locais onde há pixels prontos para serem ativados. Nesse estágio, o PBS reflete à 45 graus as áreas onde a polarização-S incidem para um Refletor Colimador (CR), que alinha e direciona os feixes de luz para determinada direção, por meio da criação de barreiras que os direcionam. O destino final desta luz é pequeno espelho que reflete parcialmente à 45 graus a luminosidade que recebe direto para os olhos do usuário.
Resumindo, os “maravilhosos pixels” são refletivos através de uma tela de cristal líquido, através de um jogo de “espelhos” que, para cumprir seu objetivo de chegar aos olhos do usuário, tem propriedades refletoras e translúcidas que permitem reduzir e direcionar a luminosidade para que represente imagens de maneira inteligíveis para o usuário comum. Apesar de o Glass se adaptar aos diferentes formatos de rosto por meio de uma dobradiça no eixo horizontal, que permite aproximar e distanciar o prisma do rosto, um fator que não pode ser abordado pelo design atual dele foi o foco da imagem.
Uma visão desfocada, geralmente, é resultado de astigmatismo ou miopia – distúrbios visuais que podem ser causadas pelo formato irregular da córnea ou do cristalino ou desalinhamento entre eles. O primeiro, ocorre quando a curvatura da córnea é mais ovalada, o que faz a luz se refracte por vários pontos da retina, dificultando que o cérebro concentre-se em um ponto de interpretação da luminosidade; o segundo, ocorre quando esse distúrbio faz o ponto focal da luminosidade formar a imagem antes de atingir a retina, apesar de concentrar-se em um local específico.
Para ambos, há uma solução tecnicamente simples e icônica para história das tecnologias vestíveis: o óculos. A solução mais barata é utilizar as armações padrão do Glass sobrepostas a óculos comuns, contudo também é possível comprar armações feitas para serem parafusadas ao seu dispositivo, sejam elas as armações originais do Google (200 dólares), sejam as criadas em parceria com a designer Diane von Furstenberg (200 dólares), sejam as feitas pela Rochester Optical (120 dólares), sejam as feitas em edições limitadas por exploradores independentes (80 dólares), seja as que futuramente serão feitas pela Luxottica – detentora de marcas como Oakley and Ray-Ban.
Não foram criadas soluções apenas para quem precisa de lentes de grau, mas também para aqueles que querem ter mais opções de lentes de sol do que as lentes padrão que acompanham o Google Glass em sua caixa original. É notável o crescente surgimento hardwares complementares – como controles remotos, teclados, lanternas -, que por se tratarem de tecnologias vestíveis, são mais acessórios do que “periféricos”.
Esses “tecno acessórios”, para não interferirem negativamente no propósito das tecnologias vestíveis veste devem respeitar o Princípio do Mordomo e estarem conectados ao mundo que os circundam. Há um fator didático nos esforços do #oMaGG para discutir a compreensão da miniaturização da computação potente e da sua conexão aos demais elementos – tecnológicos e sociais – da nossa vida. Esse fator se cristaliza nas melhorias de bem estar, produtividade e acessibilidade que a tecno veste pretende proporcionar.
Tecnologia, inovação e coragem são características daqueles que resolveram apostar nas tecnologias vestíveis, entendê-las e divulgá-las, para que nossa comunidade seja tecnicamente mais capacitada e socialmente mais consciente de suas responsabilidades tecnológicas.
“O Mundo Através do Glass” é uma experiência em que o prisma do Glass representa apenas uma percepção acerca das tecnologias de ponta e como podemos tirar o melhor proveito delas.
Um Comentário
Ingrid Jaonders
Poxa, publicação mais bem explicada que eu encontrei até hoje. Vocês tão de parabéns!
Silvio Rezende
Putz! Por isso o glass é tão caro. Os caras gastaram muito para chegar ao conceito atual e ainda tem muito o que melhorar…
Lidiane Moura
Onde compro?