Há muito tempo a maior rede social do mundo vem trabalhando a ideia de transformar sua plataforma em um meio de transferência de valores entre os seus usuários. Vimos de um lado o Facebook Marketplace, onde as pessoas podem anunciar item que querem vender ou trocar; e de outro a iniciativa do Instagram de permitir que as marcas coloquem os preços dos produtos dentro das fotos.
Até o momento não havia uma moeda ou meio de pagamento, e foi isso que a Libra do Facebook veio resolver. Nascida com o objetivo de ser uma moeda global, facilmente transacionável e livre de burocracia, a Libra promete facilitar a vida das pessoas que, morando em grande metrópoles, ou pontos remotos do planeta, precisam enviar ou receber dinheiro – uberizando a Western Union e auxiliando o aspecto financeiro da inclusão social de larga escala.
Apesar de utilizar tecnologia blockchain, Libra vai funcionar mais como o PayPal do que como Bitcoin neste início, porque os usuários podem ser identificados e porque a velocidade e o volume de transações pode ser de mais de mil por segundo – contra as 7 por segundo, que o Bitcoin atualmente processa.
Atualmente o Facebook tem 90 milhões de páginas de negócios e mais de 2,7 bilhões de pessoas utilizam os seus serviços de mensagem privada (WhatsApp e Facebook Messenger), que é por onde a libra começara a ser implantada. Todo mundo que tiver uma conta verificada no Facebook, poderá acrescentar valor às suas contas online e fazer suas transações dentro da rede do Facebook.
Criada para ser uma criptomoeda digital estável, a Libra será lastreada por uma reserva de ativos reais – entre eles, títulos públicos de curto prazo – e apoiada por uma rede descentralizada de casas de câmbio para compra e venda da moeda. As pessoas poderão converter Libra em moeda local com base em uma taxa de câmbio flutuante, como já ocorre atualmente com outras moedas.
Quem vai regular como a Libra vai operar é a Associação Libra, uma organização não-governamental independente, que foi criada com o objetivo de promover a evolução,o ganho de escala da rede e aumentar as reserva dessa nova moeda.
Essa associação é formada por um grupo de diversas organizações de todas as partes do planeta. São 28 membros-fundadores, tendo entre eles nomes como Mercado Pago, Paypal, Stripe, Visa, Mastercard, Uber, Spotify, Ebay, Vodafone, Coinbase, Xapo, Andreessen Horowitz, Women’s World Banking.
Cada Membro Fundador da associação administra um ponto nodal na rede de blockchain criada pela tecnologia proprietária e funciona como validador da rede Libra. Para garantir o equilíbrio de poder e evitar o conflito de interesse entre os membros, estabelecido para que nenhum membro, inclusive o Facebook, tenha mais do que 1% do poder de voto.
Para você ter uma ideia, para ter poder de voto no conselho que decide os rumos que a moeda Libra vai tomar, cada membro investiu um valor de cerca de 10 milhões de dólares. Esse dinheiro está sendo utilizado para instituir um fundo de reserva, investir em tecnologias de segurança, e expandir a rede Libra. Além disso, esse fundo, terá depósitos compulsórios em moedas-referência de baixa volatilidade como o dólar americano, o euro e o iene – ou seja, haverá lastro real, diferente da maioria das cripto-moedas como Bitcoin, Ethereum e Litecoin.
Uma nova fronteira se abre também para os programadores e desenvolvedores, que segundo a promessa da ONG eles terão livre acesso à tecnologia de código aberto (testnet) para criar aplicações, sem as burocracias impostas pelas atuais lojas de aplicativo Android e iOS. Baseado em linguagem de programação de bytecode executável chamada de Move, o código da libra foi pensado para, além de dar forma à moeda, implementar transações personalizadas, processar transações e gerenciar validadores e “contratos inteligentes” dentro da Blockchain Libra.
Atualizações no código são geridos por um Protocolo de Consenso que utiliza a replicação de máquina de estado no Blockchain da Libra em uma abordagem, chamada LibraBFT, está baseada no HotStuff, um Protocolo de Consenso de Tolerância a Falhas Bizantinas (BFT). Já o testnet, como foi chamado o código e a tecnologia por trás do Blockchain Libra, tem a intensão de criar um sistema que não depende de permissão, o que significa dizer que está aberto às sugestões e modificações da comunidade e serão implementadas no quinquênio seguinte à ao lançamento público do ecossistema Libra.
Do ponto de vista legal, ainda há muitas questões não resolvidos, como por exemplo, como evitar a venda de produtos ilícitos ou tributar os valores transacionados, mas a expectativa é que a Libra esteja disponível já em 2020 para os usuários do Facebook e complete a profecia criada pelo Instagram de criar negócios digitais por meios totalmente digitais. Quer ficar por dentro de tudo que está rolando na Rede Libra inscreva-se na mailing list do Tecnoveste (canto superior esquerdo desta página), participe do Fórum Libra e faça o download da documentação do projeto.