Suzana Herculano-Houzel é brilhante neurocientista brasileira. Vejamos questões muito interessantes sobre como ela se refere ao nosso cérebro e à neurociência. Em adição, seguem meus singelos comentários.
A neurociência é considerada uma área do conhecimento relativamente recente: tem cerca de 150 anos, mas ganhou intensidade com a revolução das imagens cerebrais (o que aconteceu há cerca de 50 anos). Não é necessário ler o manual do cérebro para vivermos, é claro. Simplesmente o usamos. Mas, conhecendo o modus operandi dele, Suzana nos adverte: podemos ter uma vida muito mais interessante! E mais produtiva!
O cérebro é um órgão com pouco mais de 1kg. Isso representa cerca de 2% da nossa massa total. No entanto, ele necessita de 750 ml de sangue por minuto (uma garrafa de vinho!) e 20% de toda nossa alimentação (cerca de 500 kcal em 2.200 Kcal recomendadas diariamente). Trata-se de um órgão de alta atividade, mesmo quando estamos dormindo!
Sobre o cérebro, há vários mitos, chamarei-os aqui de neuromitos! O primeiro deles é o de que temos um hemisfério direito emotivo e um hemisfério esquerdo racional. Esquece. Emoção e razão não são excludentes, muito pelo contrário: não há como funcionarem de forma isoladas! Portanto, não há decisões lógicas, isso é biofantasia! Sempre atribuímos valores às nossas questões, dilemas, decisões por mais que acreditemos que estamos sendo puramente “racionais”. Não é uma conjectura, é ciência!
O segundo deles é sobre diferenças entre o cérebro masculino e o feminino. Há poucas diferenças efetivas entre eles. A principal delas é o interesse sexual. Em 90% das pessoas, o cérebro masculino tem interesse sexual por mulheres e vice-versa. Não há diferenças consistentes pré-determinadas entre os cérebros de homens e mulheres, exceto que o das mulheres pesa menos. Mas isso parece não fazer diferença. Sabia que o cérebro do Einstein tinha dimensões e pesos femininos? Einstein, queridos leitores, vocês reconhecem que ele é um símbolo da inteligência, certo? Pois é… Possíveis diferenças são muito mais contingenciais, cultural e historicamente determinadas. Portanto, meninas, nunca deixem que alguém questione seu potencial de ser matemática, engenheira, pilota, cientista, gestora. Não há nada no cérebro que justifique o contrário!
Por fim, um cuidado adicional (e maravilhoso!) é o com nossas crianças e nossos adolescentes. É que nessas idades, há duas grandes transformações cerebrais, uma em cada etapa (parece que Freud estava “adivinhando” esta dinâmica quando introduziu, a partir de suas observações, os dois complexos de Édipo, exatamente nos mesmos momentos). Por isso, educação e formação de educadores são tão irresistivelmente importantes! São inegociavelmente importantes! E para que tudo funcione da melhor forma possível, é necessário um aprendizado significativo dos estudantes, sustentado na motivação deles. Precisamos entender o quanto sumariamente importa isso na constituição de um sujeito e de um país.
A neurociência precisa ir à escola!
Um Comentário
JOAO CARLOS HO ABRAHAO
Educação de qualidade tem de ser a base do investimento e seres humanos motivados e não punidos desde seu meio social familiar até o nível de cidadania respeitando e respeitado pelo meio social. Basta de a sequelqoados no meio, com baixa autoestima e lesivo como cidadão do mundo.
JOAO CARLOS HO ABRAHAO
Os currículos não podem restringir a formação de consumidores irresponsáveis diante da natureza, sociedade e ética respeitosa as diversidades.
Anônimo
Uma sociedade que desrespeita meio ambiente, acumuladora, não respeita a si mesmo e transforma se em apoiadores de injustiças e arbitrariedades sociais e políticas. Este tem de ser o currículo de formação de cidadãos capazes e não dependentes de vaidades e bens materiais.