Curta metragem dirigido por Humberto Mauro, tendo o apoio do Instituto Nacional de Cinema Educativo. Apesar de retratar a vida no campo, a obra conversa muito com quem é da cidade, simplesmente pelo fato de trazer como trilha uma cantiga popular, usada na educação e formação do público infanto-juvenil.
Dinâmica de construção
Por trás do ritmo e sequência imagética, há significados críticos na montagem. Fala do padrão de vida interiorano, reforçando estereótipos até certo ponto, sexistas, não vou ser hipócrita e dizer que outras obras não compartilham da mesma descrição em suas realizações, até porque o cinema com esse viés semidocumental está em funcionamento para representar o real travestido de ficção.
Os costumes são bem apresentados, quando vemos um jeito diferente de acender um cigarro, uma confecção de roupas, criar animais e por fim, se relacionar com a família.
Tenho apenas dois filmes de Humberto Mauro, para falar de sua direção. Assim como em “Ganga Bruta”, “A velha a fiar” é montada com esmero. A música dita as passagens de quadro com a marcação de tempo em cima do pedido.
Antes do início da cantiga, Humberto mostra as figuras que serão importantes para a compreensão do que está por vir, a música inicia e o espectador acompanha sem dificuldades os objetos citados. Chegou em um ponto onde comecei a cantar e ficar extasiado (vicia muito!).
Vale a pena assistir?
Ao meu ver a produção não parece ter sido complicada de executar, se comparada à montagem final. Poucos personagens, o ambiente procurado ajudou bastante, a utilização de objetos cenográficos ganhando vida, isso tudo colaborou para o resultado que foi alcançado.
A edição em cima da marcação musical, como citei anteriormente, ficou muito interessante e a sequência acelerada do final, para um filme de 1964, achei um tanto quanto arrojada.
Esse é o tipo de filme onde eu daria um 10 fácil, expressa uma parte brasileira importante em sua construção histórica e ver filmes assim me deixa animado em saber que nossa cultura pode ser eterna, depende de nós fazer ela atravessar os tempos!