O alcance midiático e cultural de filmes e séries no século XXI é absolutamente sem precedentes na história. As empresas mais do que nunca estão extremamente dedicadas em produções multi-milionárias, que levam o público mundial ao consumo de uma forma unificada por todo o planeta. E enquanto se acompanha esse show técnico constantemente se superando e arrebatando audiências, algo muito crucial parece ter sido deixado de lado: a criação e montagem de histórias.
Começando esse laboratório, em 2017, a Disney lançou a versão live-action de A Bela e a Fera, com Emma Watson, um sucesso de bilheteria, e críticas mistas, que apontavam o uso do sentimentalismo pela a animação como arma em favor da nova produção. Em 2019, já tivemos a estreia dos remakes de Rei Leão e Alladin, ambos contando com nomes conhecidos e queridos pelo público, como Beyoncé no primeiro e Will Smith no segundo, apoiando ainda mais o valor de produção dos filmes. Já foi anunciado pela companhia que ela seguirá o projeto também adaptando Mullan, A Pequena Sereia, entre outros.
Outro exemplo desse padrão é o hit televisivo da HBO Game of Thrones , que acabou este ano, com um final altamente criticado tanto pela crítica quanto pela audiência. Para uma trama que começou sendo referenciada justamente por sua subversão na história e um roteiro altamente instigante, acabou se valendo de resoluções fáceis e baratas, que causaram tamanha ira dos fãs que chegou a haver uma petição online para que a última temporada toda fosse reescrita.
A direção que a indústria parece estar seguindo privilegia as pirotecnias de ação e efeitos especiais e coloca novas histórias, que capturem a nova geração e seus novos desafios, em segundo plano. A fórmula como um todo parece contar com a nostalgia e o sentimentalismo de outras épocas e capitalizar em cima delas, com o maior espetáculo que puder ser criado, sem que nada realmente novo esteja sendo criado na indústria ocidental. Porém, sendo a indústria estadunidense o epicentro que controla as tendências e os produtos, o jogo provavelmente vai continuar se sustentando. E, sim, são grandes sucessos de bilheteria, mas seria esse um indicativo de desistir de profundidade nas narrativas, em detrimento de luzes brilhantes que encantam, distraem e logo se esquecem?