O Brasil é um país que apresenta uma dificuldade estrutural no tocante à educação financeira. Inicialmente o projeto pedagógico escolar não abrange disciplinas como matemática financeira, educação financeira, orçamento e correlatas. Os reflexos são adolescentes despreparados para lidar com alguns desafios econômicos, principalmente o endividamento e a falta de conhecimento sobe juros e capitalização ao adquirir um carro, um imóvel, dentre outros.
Como se não bastasse, os adultos desta nova geração carecem de um score que lhes permita transacionar com mais garantia no mercado, seja para solicitar um crédito no mercado, seja para honrar com as despesas pessoais e domésticas. De acordo com o PISA – Programa Internacional de Avaliação de Alunos, em 2018 o Brasil ficou na posição 17 de 20 dos países avaliados no ranking de competência financeira.
A falta de consciência em crianças e jovens brasileiros produz uma população adulta que não sabe lidar com o dinheiro. O resultado disso é uma bola de neve que só tende a crescer e que brasileiros assumem dívidas cada dia mais altas para tentar contornar sua situação.
Essa carência no assunto de finanças é proveniente de uma questão comportamental e cultural, sendo solucionada pela educação financeira.
A educação financeira, principalmente em um contexto pós pandemia produzirá um efeito contrário do que já está ocorrendo atualmente: crianças e adolescentes autorresponsáveis com o dinheiro, capazes de estabelecer um planejamento financeiro sólido, livres da tentação de ganhos de dinheiro fácil.
Uma educação financeira levada à sério , como é o caso do Canadá, Noruega e Suécia, por exemplo, refletirá em uma sociedade justa e democrática, baseada no desenvolvimento econômico.
De acordo com os principais economistas, o momento é de cautela e remodelação dos padrões de consumo. Percebe-se que pessoas estão em isolamento social, mas o padrão de consumo tenderá a aumentar com a flexibilização da pandemia. Os comércios reabertos, por exemplo, farão com que recuperem o ‘tempo perdido’ em que estiveram de quarentena. Assim, viagens serão marcadas, consumo de bens duráveis e não duráveis estarão em alta, sob a ótica do ‘ preciso gastar hoje, pois não sei se estarei vivo amanhã…’ e por aí em diante.
O que se busca, sobretudo, não é inibir o consumo, mas sim apresentar uma nova visão do dinheiro, pautada na organização e no planejamento. Muitos brasileiros acreditam que uma promoção no trabalho é sinônimo da troca de um carro, ou da mudança para uma casa maior, ou um novo estilo de vida acima do que já vive. Isso, porém, causa em nós um efeito de falsa sensação de pertencimento à um grupo ou classe social.
Agora, imagine por exemplo, um cidadão educado financeiramente na infância. Pense que ele possui de forma consolidada estes três pilares a seguir:
1- controle financeiro;
2- orientado sobre a importância do planejamento;
3- poupador e investidor.
Os resultados que ele colherá certamente serão superiores ao de um adulto compulsivo, sem conhecimentos sobre educação financeira.
Além disso, os benefícios do alfabetismo financeiro, são para um contexto geral, não apenas para o indivíduo em si. Portanto, investir em educação financeira ainda na infância é a chave para a formação de adultos conscientes economicamente, além de uma sociedade desenvolvida e democrática.