Todos os dias, milhões de pessoas baixam e utilizam aplicativos como o FaceApp e o Oops Cam Art Filter, que mudam fotos para deixá-las com feições um pouquinho diferentes do original. Esse tipo de aplicativo bombou recentemente em todas as redes sociais: imagens de si mesmo mais velho, mais novo, de gênero trocado, com fundos divertidos, com feições de cartoon e com filtros engraçados, pipocaram no Facebook e Instagram, mostrando um show de caricaturas pessoais. Imagens que só são possíveis de serem geradas através da inteligência artificial.
Falando assim, até parece coisa de filme de ficção científica, onde androides com acesso infinito de dados e inteligência como a nossa são personagens principais. Mas é mais real que isso; inteligência artificial é algo que está muito próximo de nós, o tempo todo, como o Google Tradutor, por exemplo. É o caso das redes neurais, que estão por trás de aplicativos de edição tal como o Oops Cam.
Elas funcionam como uma forma de machine learning (como os algoritmos), onde o computador (no caso, o aplicativo) aprende a performar uma determinada ação de acordo com análise de dados e exemplos, reconhecendo milhões de imagens ao mesmo tempo e buscando padrões. Uma rede neural é baseada no funcionamento do cérebro humano e consiste em milhões de processadores densamente interconectados por onde os dados passam. E assim são formadas as imagens que vemos circulando a internet.
O debate sobre IA vem ocorrendo há décadas, suas consequências a curto e longo prazo são discutidas entre cientistas, filósofos e até em salas de aula do ensino médio. É importante pensar no que pode acontecer de negativo na sociedade se as pesquisas sobre inteligência artificial avançarem até um ponto em que cresçam por si mesmas. Atualmente, já é algo que dá alguma dor de cabeça. Aplicativos que trabalham por machine learning coletam dados cada vez que são abertos e esses dados são armazenados. E o que acontece com eles?
Vale lembrar sobre o caso da Cambridge Analytic, ocorrido em 2015, onde a empresa foi banida do Facebook por violar informações de cerca de 50 milhões de usuários, capturando e vendendo dados a partir de um aplicativo de testes. Uma investigação conjunta entre o The New York Times e o The Observer foi o que desmascarou toda a história, e ambos a trataram como um assunto delicado, tanto pela violação dos dados quanto pela discussão que isso desencadeia.
Afinal, estamos todos disponibilizando informações restritas o tempo todo na internet, para quaisquer empresas que consigam acesso. Essas informações são analisadas e usadas para diversos fins, como marketing e política (como é o caso da Cambridge Analytic, que estava trabalhando para o atual presidente dos EUA, Donald Trump), o que, de certa forma, nos manipula a agir de determinadas maneiras.
É extremamente necessário que esses assuntos sejam discutidos em todas as esferas: até que ponto a forma como utilizamos as redes sociais, os aplicativos e a própria internet são beneficiados ou não? Como de fato funcionam as ferramentas que utilizamos? Para onde vão todos os nossos dados? E especialmente, quais as consequências de tanto desprendimento e inconsequência que geram a nossa sociedade atualmente?
Como se chama o aplicativo que te deixa com cara de velho / velha? Face App!