Desde muito antes da Pandemia as redes sociais têm funcionado como importantes aliadas à acessibilidade e também na disseminação de informações a um público variado de pessoas.
A recente crise sanitária no mundo confirmou o papel social de plataformas como o Instagram, diante do aumento significante de pessoas conectadas, consumindo ao mesmo tempo uma diversidade de conteúdos que vão desde o simples entretenimento, até a venda de produtos e serviços online.
Não é à toa que em 2020, mais de 40% de varejistas migraram totalmente para o mercado digital. O setor de serviços como a telemedicina, escritórios de advocacia, contabilidade, psicologia, dentre outros são alguns exemplos de como o ambiente remoto se expandiu durante a pandemia do Novo Coronavírus (Sars-CoV-2).
Este artigo, contudo, será responsável por focalizar os Escritórios de Advocacia que migraram total ou parcialmente para o cenário digital, bem como evidenciar os impactos dessa migração no tocante à promoção da acessibilidade de conteúdos jurídicos acessados por seus novos clientes.
A crise dos Escritórios Físicos em meio à Pandemia
É importante destacar que, mesmo antes da disseminação do Novo Coronavírus , o cenário brasileiro já contava com uma série de Escritórios de Advocacia 100% digitais. Isso significa que, antes de 2020, muitos Advogados prestavam atendimentos ou realizavam seus serviços jurídicos de maneira remota, sem a necessidade de uma agência física.
Entretanto, o número de clientes novos e/ou até mesmo o grande público que já era filiado aos chamados Escritórios físicos começaram a se tornar cada vez mais escasso, devido à obrigatoriedade de fechamento das cidades, como também da proibição de circulação de pessoas para serviços considerados, inicialmente, como não essenciais.
Observe que o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), inclusive, precisou intervir junto ao Governo Federal para reafirmar que o exercício da Advocacia é e sempre foi essencial à sociedade, motivo pelo qual o seu funcionamento não ficaria adstrito a decretos que instaurassem lockdowns .
Contudo, o caos econômico e a própria novidade frente à disseminação do vírus Sars fizeram com que a população permanecesse em casa, o que impulsionou definitivamente algumas firmas a trasmudarem os seus serviços para um ambiente totalmente digital.
Como impulsionar um Escritório Digital no Instagram?
Começar algo novo ou mesmo migrar para um cenário desconhecido não é uma tarefa fácil. E você que chegou até aqui, se tem algum negócio online ou é um empreendedor digital, sabe do que eu estou falando.
É muito complicado competir com o chamado tráfego pago, ainda mais dentro de um cenário pandêmico, onde muitas empresas migraram ao mesmo tempo para o Instagram.
Mas, se um Escritório Digital é serviço, e não um produto, existe algum problema em não investir em tráfego pago?
Sim, o investimento tem de ser feito, porque a sua conta, ainda que esteja direcionada para um determinado público, está num ambiente que abriga uma outra infinidade de contas que aparecem para o seu cliente e você, em meio a tudo isto, ainda precisa ser visto!
E como me fazer ser visto? Só pagando por esse tráfego pago?
Investir capital em tráfego pago pode, sim, aumentar o seu engajamento nas redes sociais, mas, de nada adianta você pagar para ser visto, se o seu conteúdo for ruim. Por isto, a importância do marketing jurídico.
Marketing Jurídico
Conteúdos jurídicos têm a fama de não “venderem” muito em plataformas como o Instagram. E isso é verdade por diversos aspectos como o limite de caracteres, tamanho e qualidade da foto, tempo de duração do vídeo, etc. Além disto, o Instagram possui um algoritmo que filtra muito conteúdos por serem ou não relevantes, o que pode acabar por reduzir ainda mais a propagação daquilo que você queira veicular.
Logo, existem algumas regras simples para quem quer tornar o seu conteúdo relevante, acessível e simples para o público que venha a acessar o seu canal nas plataformas digitais.
A linguagem, por exemplo, tem de ser simples, objetiva e orgânica. Assim, para cada post, foto ou vídeo, a sua ideia tem de ser a mais clara possível. Textão e rebuscamento excessivos não prendem a atenção de possíveis clientes.
O seu cliente tem muito mais curiosidade em saber se tem o direito, do que entender através da leitura o que a lei tem a dizer sobre ele. Um bom exemplo disto é a curiosidade que um post, publicação ou foto têm a dizer sobre determinado assunto, sem, contudo, fazer com que o leitor perca seu tempo lendo sobre razões ou motivos que fizeram daquela lei ser questionada pelo Supremo ou outro tribunal.
Veja, o Brasil é um país extremamente desigual, e os cursos de Direito são historicamente elitistas. Quando você, Advogado/ Advogada, não traduz em linhas gerais o que é bom para o seu cliente, você está apenas replicando algo que não é acessível a todos e todas. Em outras palavras, é como se você estivesse reproduzindo a linguagem dos juízes do STF na sua página pessoal, o que acaba por atrair Advogados, mas afastar possíveis clientes.
Como alcançar clientes através do Instagram?
A Acessibilidade é o carro chefe para o marketing jurídico. Ela acopla todas as outras citadas acima, a saber, a linguagem simples e objetiva de qualquer post, vídeo ou conteúdos digitais.
Quando você publica, posta ou grava algum conteúdo pensando em todos os públicos, mas com a malícia de deixar a informação que atrai o seu cliente em específico, você alcançou o suprassumo dos negócios digitais: a entrega de conteúdo relevante, acessível e consumível pelo seu público.
Em outras palavras, o seu conteúdo digital deve ter uma marca, essência e alcance. A marca simboliza o seu negócio, nome ou atuação. A essência está ligada àquilo que você vende, informa, através daquela mesma linguagem simplista, contemporânea, e sem rebuscamento já aludida anteriormente. O alcance, por sua vez, está em como o seu conteúdo possa vir a ser consumido: fonte legível, cores vibrantes, fotos autorais, memes, imagens do seu cotidiano, bastidores, legendas em vídeos, áudio, etc.
Igualmente, os algoritmos também impactam bastante uma publicação quando você passa a marcar hashtags que dialoguem com o conteúdo postado. Tenha cuidado, entretanto, para não marcar hashtags banidas ou que já foram denunciados pelo Instagram. Isto pode fazer com que você perca o seu engajamento ou até mesmo a sua conta.
O Direito Previdenciário no Instagram e à Acessibilidade
O Direito Previdenciário é uma das principais searas jurídicas que bebem do impulsionamento das redes sociais através dos algoritmos, pelo conteúdo dessa matéria ser tão atinente aos anseios da sociedade no momento atual de mudanças constantes da legislação e dúvidas frequentes sobre benefícios.
Isto, entretanto, não significa que todo Escritório de Direito Previdenciário esteja atuando como se exige o código de ética da advocacia, como também nem todos eles sejam 100% digitais só por estarem no Instagram, o que acaba diferindo e muito na questão levantada acima quanto à acessibilidade.
Por fim, é importante frisar que Escritórios que estão no ambiente remoto, mas que não se valem da acessibilidade, não são digitais, e sim firmas que prestam atendimento remoto como qualquer ambiente físico, não demonstrando interesse em inovação, entregando o mais do mesmo de um conteúdo irrelevante, sem qualquer função social, ocupando espaços imaginários de uma competitividade infeliz e incoerente com a Advocacia moderna.