Na madrugada de hoje foi lançado o primeiro episódio interativo da Netflix. O nome Bandersnatch é uma referência a um personagem do livro “Through the Looking-Glass” de Lewis Carroll, lançado em 1872 e a um poema de mesmo nome publicado em 1874.
No conto do século retrasado, o Bandersnatch, tem aparência nefasta e assustadora. Sobre seu longo pescoço, sustenta maxilares poderosíssimos e que têm a capacidade de dar mordidas devastadoramente rápidas.
Este episódio de Black Mirror, foi escrito por Charlie Brooker e dirigido por David Slade – de Breaking Bad e American Gods, entre outros. A história acompanha o personagem principal, Stefen Butler, interpretado por Fionn Whitehead, de 21 anos de idade.
O cenário em que o episódio se passa é uma tecnologia retrô distópica, onde a dúvida e a dialética permeiam a história e transbordam os questionamentos dos personagem aos espectadores da série. Os espectadores, por sua vez, tem a opção de escolher sempre entre duas opções ou deixar a história de desenrolar sozinha.

Stefen Butler é um programador de jogos que, na década de 1970/1980, criar um jogo ao estilo RPG dentro das possibilidades computacionais da época. Seus problemas psicológicos começaram desde cedo e foram agravados pela trágica morte da sua mãe em um acidente de trem pelo qual ele se culpa.
Cheio de referências visuais a outros episódios e “easter eggs” para quem assiste às alternativas de continuidade, o enredo acompanha as decisões do personagem principal como se as decisões tomadas pelo espectador fosse a “voz” que atormenta a cabeça do jovem Stefen. O assinante do Netflix é colocado de frente com decisões que, ora mudam completamente o rumo da história, ora adicionam apenas um temperinho.
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É importante notar, no entanto, que há algumas “ruas sem saída” e quando o espectador escolhe um caminho não planejado pelo diretor e roteirista do episódio, ele se vê obrigado a voltar a um ponto nodal de onde possibilidades mais frutíferas podem sair. De maneira similar ao jogo criado pelo jovem Butler, há uma pretensa sensação de liberdade e esse é o maior questionamento que o episódio incita.
As discussões sobre o episódio estão pegando fogo nas interwebz e quem sai ganhando é a Netflix, não só porque criou um episódio memorável do ponto de vista cinematográfico, mas porque conseguiu aumentar o tempo de engajamento dos usuários em sua plataforma e, de quebra, fez transbordar para fora da plataforma o envolvimento do público – não somente com o episódio mas – com a toda a série.