A tecnologia perpassar pro vários aspectos da nossa vida, por isso ignorá-la seria um erro grotesco. Similar seria o equivoco se você gosta de música e deixasse de ouvir Laura Zennet: a cantora que sabe colocar a tecnologia a serviço de uma vivência humana mais completa.
Zennet começou na música muito cedo. Por influência da família de Belo Horizonte, ela se foi matriculada no Centro de Musicalização Infantil (CMI) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Como seu pai toca gaita e flauta transversal, e sua mãe foi professora de piano desde muito jovem, Laurinha teve bons exemplos do que fazer já dentro de casa.
Além de um primo pianista (José Namen) e outro guitarrista/violonista (Nelson Faria), ela decidiu-se pelo canto, porque para compor os encontros musicais familiares, ela sentia que uma voz faria mais falta do que mais um instrumento de cordas ou de teclas. Cantando, de início, os clássicos da Bossa Nova e MPB, ela se afeiçoou com grandes nomes da música como Tom Jobim e Vinicius de Moraes.
Confira a entrevista que fizemos com ela sobre sua carreira e seus planos para o futuro!
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Como a frase “Inspiro a redescoberta da essência em meio à tecnologia” te diferencia das demais cantoras da indústria musical?
Percebo que muitas pessoas estão perdidas neste mundo atual. O que é o real? O que é o virtual? Qual o nosso papel como seres humanos neste mundo cheio de informação a todo momento e em todos os lugares? Pessoas estão frustradas e acabam se perdendo.
O show Laura Zennet in Experiences vem resolver esta questão inspirando pessoas a redescoberta da essência e propósito em meio às novas tecnologias. Através de um projeto inovador e autêntico, construído ao longo de toda a minha vida, Laura Zennet in Experiences traz uma experiência de múltiplas linguagens e artes integradas, unindo música, dança, performance, audiovisual e artes visuais. Cores e projeções acompanham a história. Toco instrumentos ao vivo em cima de batidas eletrônicas, no formato One Woman Band, através de Live Performance.
Criei duas Trilogias. A primeira, mais reflexiva sobre o mundo em que vivemos, com as músicas Hello my Darkness, que fala sobre o encontro com a essência, Fight sobre a luta entre o mundo real X novas tecnologias, e Cure que fala da cura e transformação internas, seguidas da Release me que é uma música de passagem e que fala da libertação.
Acabei de lançar Recomeço, a primeira música da nova trilogia, em português, na linha nova MPB com eletrônico, trazendo visões de futuro. Este é o resumão e o propósito do projeto. É para trazer o público para dentro da história, da experiência e transformar vidas. Isto é um dos meus diferenciais. É um projeto inovador e autêntico, que fui construindo ao longo da minha vida.
Aprender as técnicas de canto por si só não é fácil, como você aprendeu também a compor e quais são as ferramentas que te auxiliam nesse processo?
Eu sempre fui uma pessoa muito criativa, comunicativa e muito expressiva. Lembro que na época do colégio, eu já arriscava em alguns poemas. Depois, anos mais tarde, quando já morava no Rio, eu fiz parte do Coletivo Cavalo Preto, safra de cantores e compositores no Rio de Janeiro.
Lá tive muitas trocas e vivências com outros artistas incríveis, que também me inspiraram a seguir neste caminho. Também morei fora duas vezes (1 ano na Hungria, quando tinha 17 anos e depois 6 meses em Nova York, alguns anos mais tarde), ambos através de bolsas de estudos, um no colégio, pelo Rotary e o outro na faculdade de Comunicação, pela PUC Minas.
Todas essas experiências abriram a minha cabeça e me tornaram o que sou hoje, e creio que tudo isso é fonte de inspiração para as minhas canções. Tanto de vivências minhas como de pessoas ao meu redor, e/ou de observações sobre o mundo. É isso que torna tão verdadeiro e profundo as mensagens das minhas canções. É sobre isso, o nosso propósito como artista é inspirar, motivar e transformar a vida de outras pessoas.
Qual é a importância para você de participar de grandes festivais com longos line-ups em comparação às suas apresentações individuais? Dos eventos que você participou, quais foram os mais interessantes e o que fez deles um sucesso?
Participar de grandes festivais com longos line-ups é o meu maior objetivo atualmente. Apresentações individuais, que já venho fazendo, para o público menor é importante também, mas acredito que festivais maiores vou atingir mais pessoas e chegar a mais lugares. E também ter um reconhecimento maior, por todo esforço e dedicação que vim fazendo ao longo de todos estes anos (só no Rio de Janeiro, já estou há 13 anos).
Um dos eventos mais interessantes que participei foi o Festival Sounds & Talks 2022 no Teatro Oi Futuro RJ, evento que enaltece artistas mulheres compositoras na música. Fui uma das 6 artistas convidadas a tocar, cada semana era uma artista e a abertura era um Talk (palestra) sobre Música e Negócios.
No meu dia, a abertura foi sobre marketing de mídias digitais. Hoje em dia, é fundamental o artista saber gerir a própria carreira, o mercado mudou muito nos últimos anos, eventos assim são importantíssimos. Foi um sucesso e também dei uma entrega profunda do meu show Laura Zennet in Experiences. Tudo que faço, faço com muito carinho e dou o meu máximo.
Segue aqui os melhores momentos do show:
Outra grande novidade é que fui escolhida como embaixadora do WME (Women’s Music Event) Awards pela segunda vez, fui no escolhida ano passado e agora, novamente, neste ano. Já fiz as minhas indicações.
Também fui selecionada para o edital de pré-incubação de startups, o Cocreation Lab TUM, parceria TXM Methods com o SEBRAE Santa Catarina. Este mês de novembro estou indo participar do TUM Festival 2023 em Florianópolis, apresentando o pitching do meu projeto Laura Zennet in Experiences lá!
Na sua avaliação, como se comparam o poder das plataformas de streaming e o das rádios no momento atual?
Na minha avaliação, o streaming avançou muito, a forma de consumo de música também, mas nunca irá tomar o lugar das rádios. Acredito que há espaço e público para cada plataforma. É igual na época em que temíamos e dizíamos que o jornal iria acabar. É tudo questão de adaptação neste mundo cheio de informações a todo momento.
Em que medida as redes socais são importantes para você ter contato com o público, publicar novo material e encontrar novos contratantes?
As redes sociais hoje em dia são um dos veículos mais importantes para ter contato com o público, além do show. É ali que converso com eles e compartilho um pouco do meu dia a dia, das experiências, além das minhas canções. Na minha opinião, é um espaço importante, é um cartão de visita, fundamental para cativar novos contratantes e mais audiência.
Como a inteligência artificial pode acabar com a carreira de músicos ou alavancá-las?
A inteligência artificial está vindo como uma avalanche e acredito que quem não adaptar a esta nova realidade pode “ficar para trás”. Não acredito que ela vá “acabar” com a carreira dos músicos, porque o lado humano é imprescindível, é isto que nos torna únicos.
Tenho dúvidas se ela vai chegar a este nível. Máquinas são máquinas, não tem emoções certo? Em relação a criação de músicas, pode ajudar a encurtar passos, mas uma música criada por AI não tem essa “visão humana”, na minha opinião, de um músico que estudou a vida inteira em um Conservatório de Música, por exemplo.
Também acredito que a inteligência artificial pode atrapalhar em alguns sentidos sim. Em termos de direitos autorais, por exemplo, está bem complexo ainda esta questão neste início. Mas por outro lado, acredito que essas tecnologias podem facilitar pessoas em geral, para otimização do tempo.
Como a tecnologia te ajuda a ser mais produtiva na sua vida pessoal?
A tecnologia me ajuda principalmente na otimização de tempo, tanto no trabalho quanto na vida pessoal.
Que dica você dá para quem está pensando em lançar sua carreira artística mas não sabe por onde começar?
A maior dica que eu dou é tenha muita garra, força, foco e determinação. Organização, planejamento a curto médio e longo prazo, noções de estratégia e empreendedorismo, tomada de decisão são fundamentais. Para começar, eu sugiro anotar tudo em um papel, anote aonde quer chegar, em 2, 5, 10 anos. Foi isso que fiz quando tinha 14 anos (risos). Anotei tudo num papel o que queria até meus 25… chegando nos 25 anotei até os 35… e assim por diante E aí fui correndo atrás das coisas. Outra dica muito importante: ter segurança na sua própria essência para não “se deixar levar” e ser sempre autêntico e fiel a sua essência e propósito.
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OBS: Créditos da fotografia Junior Franco