Quando as crianças em uma escola específica do Vale do Silício falam “apple” elas estão apenas se referindo a uma maçã, geralmente estão falando sobre a fruta. E têm muito mais motivos e estímulos para rabiscar desenhos do que o próprio Doodle pode sugerir.
Parece mentira, mas é numa escola dessas, como a Waldorf School da Peninsula, que encontramos os filhos dos CEO’s das grandes empresas de tecnologia: Google, Yahoo, HP e Apple, por exemplo. Também não existem trabalhos para casa que necessitem utilizar computadores. As orientações para os professores é de as atividades escolares não devem ter qualquer relação com computadores, nem nas atividades extra-classe. Nada deve ser ensinado que necessite ser desenvolvido em aparelhos eletrônicos ou precisem acessar a internet.
Imagine, no meio de uma das nações de maior avanço tecnológico do mundo, uma escola no estilo das dos nossos pais: lápis, canetas, papel, borracha, agulhas de trico, lã e outras coisas do gênero. E as brincadeiras de criança: amarelinha, pula corda, pique-esconde, bate palminha, desenhos, oficinas de culinária infantil e outras.
“Fundamentalmente, eu sou contra a ideia de que você precisa de aparelhos tecnológicos na escola primária.” (Alan Eagle – Diretor de Comunicações Executivas do Google).
Como essa tem mais 160 escolas Waldorf espalhadas pelos Estados Unidos. Essas escolas privilegiam as relaoções humanas na escola, com a concentração voltada para essa relação, não para quaisquer outros focos.
“A ideia de que um aplicativo em um iPad pode ensinar melhor os meus filhos a lerem ou fazer contas, isso é ridículo” (Alan Eagle).
Não existem roteadores e conexões sem fio, a escola de nove salas de aula possui quadros de giz e prateleiras de livros cheias de enciclopédias. Algo tão diferente do que podíamos imaginar
das escolas nos dias de hoje. Só quando as crianças atingem a oitava série é que os professores permitem o uso limitado de aparelhos eletrônicos. As crianças aprender a tricotar meias para que adquiram habilidades numéricas e tenham facilidade no aprendizado da matemática. Outras crianças jogam futebol com bolas de pano. Quando comemoram um aniversário, ao cortar o bolo ou uma maçã o professor ensina frações matemáticas.
Essas escolas à moda antiga não são baratas, custam em média, a do ensino fundamental, por volta de US$17.750,00 e as de ensino médio US$ 24.40,00.
“Gostei de aprender com caneta e papel, por que foi muito legal eu ter podido escrever e, no decorrer dos anos, pude ver como minha caligrafia melhorou.” (Finn Heilig, 10 anos).
Nossas reflexões:
Sem dúvida que é uma quebra de paradigma ao avesso. Pensar que de repente devamos deixar de considerar os avanços ao redor de toda a sociedade e escolher subtrair de nossos filhos essas facilidades que serão muito fortes na carreira profissional parece impossível. Mas percebamos que o não uso da tecnologia no início da formação de um ser, até os 7 ou 8 anos de idade, é muito importante quando consideramos que é justamente nesse período que se forma o caráter de uma pessoa. Por isso são tão importantes as atividades que aproximem e privilegiem a interação entre as crianças, para que possam se habituar a dividir coisas, opiniões e responsabilidades.