Cassia Cestari Toia é cirurgiã-Dentista pelo Instituto de Ciência e Tecnologia, especialista em Odontologia pela UNICAMP, mestre e doutora pela UNESP, mestre no exterior pela IUPUI, de Indiana, nos Estados Unidos e doutora pela University of Iowa. Ela atua como professora Anhanguera Educacional, ministra aulas em cursos de aperfeiçoamento e especialização na área de Endodontia e Imagiologia e faz atendimentos clínicos em consultório particular. Confira sua história de vida:
Sou Cassia Cestari Toia, 29 anos, natural de São Paulo, passei a infância e adolescência em Caraguatatuba, Litoral Norte de São Paulo e moro em São José dos Campos há quase 12 anos. Cirurgiã dentista, especialista em Endodontia, Mestre e Doutora na mesma área, defendi meu doutorado há menos de dois meses. Que loucura!
Uma semana após, ingressei numa universidade em São José dos Campos, onde atuo como professora em disciplinas laboratoriais e clínicas. Além disso, ministro aulas em cursos de aperfeiçoamento e especialização na área de Endodontia e Imagiologia e também realizo atendimentos clínicos. Sou comunicativa, organizada e entusiasta, talvez isso possa lhes fornecer muita informação a meu respeito nas linhas a seguir.
Parece engraçado, mas apesar de ter um pai dentista, demorei a me interessar pela área. Já quis Medicina, Arquitetura, e até mesmo Estudos Literários. Mas aos 17 anos, na época do vestibular decidi prestar Odontologia na Unesp de São José dos Campos. Mais engraçado ainda, é que entrei na faculdade já me imaginando na academia.
Desde que ingressei comecei a fazer monitorias e iniciação científica, onde fui contemplada com minha primeira bolsa Fapesp num estudo de anatomia. Até então, não conhecia a Endodontia e fiz monitoria em várias áreas, mas de fato, quando a conheci logo soube que seria minha ocupação principal. Mas por quê?
Isso, porque sempre fui muito “organizada”. E todos os pequenos instrumentais, as limas coloridas, além da organização e cautela que aquela área me requeria, me entusiasmavam cada vez mais. Uma das áreas mais difíceis da Odontologia, a Endodontia era sempre um desafio… Algo nada monótono e eu adorava desafios.
Hoje confesso que sou mais pacata. Além disso, a complexidade e relação “causa-efeito” e resposta do organismo dos pacientes frente ao tratamento eram fascinantes. No último ano, minha orientadora, ao observar minha dedicação, me convidou a acompanhar suas alunas de doutorado durante sua pesquisa clínica, e dali em diante tive certeza que iria encarar a Endodontia como minha vida e iria também cursar Mestrado na área. Da minha formatura até meu ingresso ao Mestrado tive um ano como aluna especial, uma vez que as provas eram a cada dois anos. Mas enquanto isso comecei algumas disciplinas, assim como a especialização.
No mestrado e doutorado, pude ter a oportunidade de realizar estudos clínicos, já que também era, e ainda sou, apaixonada pela prática clínica, e sempre pensei que deveria ser uma boa clínica, para me tornar uma boa professora, procurando também conciliar a pesquisa e todas as aplicações clínicas que as linhas de pesquisa das quais pude trabalhar influenciariam positivamente nos procedimentos realizados no consultório de inúmeros dentistas mundo à fora. E isso não mudou, e é até hoje o que mais me fascina: “como podemos aplicar a ciência ao nosso dia-a-dia, nos mínimos detalhes”.
A oportunidade de realizar ensaios clínicos sobre temas atuais, conciliando análises laboratoriais com enfoque microbiológico, assim como inflamatório, e a avaliação tomográfica dos casos estudados, de certa forma hoje me fazem uma profissional de referência. Mas além disso, a bagagem que ganhamos quando entramos na área acadêmica, não serve somente para “alimentar o currículo” ou “nosso ego”, mas principalmente, para sermos referência para nossos colegas, alunos e pacientes, que como no meu caso, nos confiam sua saúde.
Atualmente, a sociedade mudou, uma vez que a informação é passada de forma mais dinâmica a todos. O acesso à informação também mudou. Porém, infelizmente, com isso a “informação errada” também tem sido mais facilmente disseminada. E é aí que os cientistas, professores, educadores e referências em determinadas áreas devem entrar. Devemos trazer o “público” para perto de nós, fornecendo conhecimento de forma simplificada e acessível a todos.
Mudanças devem ocorrer, e por mais difícil que seja, acredito que nossa geração de cientistas está se preparando, ou melhor, já está preparada para atingir aos demais de forma séria, comprometida e honesta. Fico feliz em, de certa forma, poder de alguma forma contribuir com a divulgação da ciência. Meu objetivo hoje, é tornar a busca pelo conhecimento um prazer e não uma dificuldade.
Claro que nem tudo são flores, e que muito ainda devemos aprender e “lapidar”. Mas se ao final do dia, o sentimento é de dever cumprido, poderemos ter certeza que estamos no caminho certo. A academia tem muito a nos ensinar, não somente a como sermos cientistas, formadores de opiniões, e responsáveis pela disseminação do conhecimento, mas também mais compassivos e como podemos nos adaptar às mudanças.
Sabemos que aqui no Brasil, a ciência tem muito a crescer, mas não pela qualidade de nossos alunos, professores, e principalmente, cientistas, mas pelo sistema em si. A esperança é que isso mude, pois só quem realizou uma pesquisa ou parte dela no exterior, sabe o quanto o brasileiro é capaz de se adaptar, e o quanto o mesmo é proativo, criativo e resiliente, e isso de fato é o que me faz ter orgulho de fazer parte dessa galera!.