Christopher Kastensmidt é roteirista e game designer norte-americano, radicado em Porto Alegre desde 2001. É autor de livros, RPGs, contos, quadrinhos e produções audiovisuais publicados em vários idiomas ao redor do mundo.
Sua obra mais conhecida é o mundo ficcional A Bandeira do Elefante e da Arara, cujas histórias renderam para ele um Prêmio ENnie (EUA) e indicações para vários outros prêmios, entre eles o Nebula (EUA), o “Oscar” da literatura fantástica.
Participou da criação de trinta games, alcançando dezenas de milhões de jogadores, e chegou a ser Diretor Criativo da Ubisoft Brasil. Foi fundador do Concurso Hydra, cofundador da Odisseia de Literatura Fantástica e deu aulas em cursos de jogos digitais durante uma década.
Atualmente é Gerente Geral do projeto Wonderbox na Aquiris Game Studio, lidando uma equipe de 50 profissionais. Confira a entrevista que fizemos com ele!
- Como sua relação com a leitura te transformou em autor?
Desde muito pequeno, a leitura foi uma paixão minha. Sempre tinham livros presentes na nossa casa. A mãe me lia histórias na hora de dormir e meu pai me levava à biblioteca do bairro a cada duas semanas para pegar uma pilha nova de livros emprestados.
Além disso, o RPG de mesa também teve uma influência forte no meu desejo de escrever. Fazendo narração de aventuras para os meus amigos, aprendi muito sobre narração, criação de mundos e personagens, e a maneira de contar histórias em geral.
Os relatos das duas viagens do Hans Staden para o Brasil no século XVI foram uma inspiração forte. Também os livros de aventura que li na minha juventude: Robin Hood e Os Três Mosqueteiros, por exemplo. A dupla de heróis Fafhrd e Gatuno do Fritz Leiber foi uma inspiração para a minha dupla de heróis, Gerard van Oost e Oludara.
O folclore nacional serviu de referência para a parte fantástica do livro, os livros de RPG que mencionei acima. Muitas outras obras contribuíram com pequenos pedaços às histórias da dupla.
A Bandeira do Elefante e da Arara segue as aventuras do holandês Gerard van Oost e o iorubano Oludara em uma versão fantástica do Brasil seiscentista. A obra é considerada um marca na integração do folclore nacional. A primeira história saiu em 2010 e recebeu um reconhecimento internacional fortíssimo, sendo finalista do Prêmio Nebula nos EUA.
Houve uma explosão de obras nos anos seguintes que também buscavam referência nessas fontes. As histórias também serviram como base do RPG do mesmo nome, lançado em 2017 e hoje um dos sistemas mais jogados no Brasil, com versões lançadas em inglês e espanhol.
- Que recado você mandaria para jovens escritores e os autores da graphic novel dos Tecnonautas?
Leia muito, escreva muito. Não tenha pressa para publicar as obras, desenvolva a técnica antes, algo que leva anos a aperfeiçoar. Quando chegar a hora certa, utilize a mídia certa para cada história; seja livro, quadrinhos, game, audiovisual ou outra…