Cidade Invisível é mais uma produção brasileira original Netflix, criada por Carlos Saldanha, diretor de animações como Rio e A Era do Gelo.
A série mistura o folclore nacional e suspense transformando-os em uma narrativa envolvente, e usando ambos como pretextos para revelar que há mais do que histórias infantis na nossa tradição oral.
Na sinopse, conhecemos Eric (Marco Pigossi), um policial ambiental que descobre o mundo oculto das criaturas mitológicas, através de uma pesquisa feita para encontrar a conexão entre o aparecimento de um boto cor-de-rosa, já morto, em uma praia do Rio de Janeiro, e a morte de sua esposa.
A proposta de trazer à tona o folclore com um olhar adulto e atual, inserindo seres místicos como o Saci, a Iara e o Curupira em meio à sociedade comum, foi algo incrível. E tem conquistado os corações, não apenas dos brasileiros, mas também dos gringos. Cidade Invisível alcançou o 1º lugar no top 10 da Netflix nos Estados Unidos.
Porém algo que foi duramente criticada pela crítica tanto nacional quanto a internacional, foi a falta de explicação para algumas lendas do folclore. Alguns espectadores relataram que ficaram confusos, não identificaram ou não sabiam quem eram as personalidades ali em apresentadas. Pensando nisso, a Tecnoveste, listou quais são as entidades folclóricas que aparecem na série para você relembrar quais são as suas lendas.
ATENÇÃO: Caso você não tenha assistido Cidade Invisível, recomendamos que interrompa a sua leitura aqui, pois a lista a seguir contém spoilers!
Boto cor-de-rosa
A lenda do boto é uma lenda da Região Norte do Brasil, geralmente contada para justificar a gravidez de uma mulher solteira.
Dizem que, durante as festas juninas, o boto rosado aparece transformado em um rapaz elegantemente vestido de branco e sempre com um chapéu para cobrir a grande narina que não desaparece do topo de sua cabeça com a transformação.
Esse rapaz seduz as moças desacompanhadas, levando-as para o fundo do rio e, em alguns casos, as engravidando. Por essa razão, quando um rapaz desconhecido aparece em uma festa usando chapéu, pede-se que ele o tire para garantir que não seja um boto. Daí deriva o costume de dizer, quando uma mulher tem um filho de um pai desconhecido, que ele é “filho do boto”.
Em Cidade Invisível, o boto é chamado de Manaus (Victor Sparapane), e infelizmente é pouco visto com vida. Mas não passa despercebido, pois sempre aparece comprovando que é um galanteador assim como a lenda o descreve.
Saci-pererê
De acordo com a lenda, o Saci-Pererê é um garoto negro e pequeno, medindo apenas meio metro, que mora nas florestas e é conhecido por sempre estar aprontando alguma coisa e pregando peças nas pessoas como lazer. Outras versões da lenda, no entanto, dizem que ele pode ser grande e chegar a até três metros de altura, caso ele queira.
Os detalhes físicos mais conhecidos do Saci são a sua touca vermelha, estar sempre com um cachimbo na boca e o fato de ter apenas uma perna. Ainda de acordo com a lenda, não existe apenas um saci, mas sim vários, e ele pode viver até os 77 anos. Entre as travessuras feitas pelo Saci estão assoviar para irritar viajantes, roubar objetos de dentro de casas, fazer redemoinhos para espalhar a sujeira, entre outras.
Na série, o Saci-Pererê é denominado Isac, personagem interpretado por Wesley Guimarães que está sempre pelas ruas. Mesmo sem uma perna, ele não anda saltitando por aí igual diz a lenda, mas sim usando uma perna mecânica.
Cuca
Uma das personagens mais famosas do folclore brasileiro, graças às histórias de Monteiro Lobato, também está na série Cidade Invisível. Cuca, de acordo com a lenda, é uma idosa assustadora, uma bruxa que tem a forma de jacaré e que sequestra crianças desobedientes.
Na produção da Netflix, a Cuca leva o nome de Inês, e é interpretada por Alessandra Negrini. Na série, ela não tem nada de jacaré, e por isso causou dúvidas para quem assistia. A bruxa se manifesta através das borboletas, transformando-se em uma ou várias delas para conseguir o que quer.
Iara
Iara ou Yara, do indígena Iuara, significa “aquela que mora nas águas”. É uma sereia (metade mulher, metade peixe) que vive nas águas amazônicas. Reza a lenda que a sereia Iara emite uma melodia que atrai os homens, os quais ficam rendidos e hipnotizados com seu canto e sua voz doce. Após conquista-los, ela os leva para o fundo do rio, onde acabam morrendo afogados.
Em Cidade Invisível, Iara, conhecida também como Camila, é interpretada por Jéssica Córes.
Tutu
Com certeza, esse é o personagem que mais gerou dúvidas à aqueles que assistiam o seriado. Tutu Marambá, é conhecido por ser o irmão do Bicho-Papão e do Boi da Cara Preta. Ele não tem uma forma específica, sendo apenas uma criatura escura, uma sombra, que também pode se transformar em um porco-do-mato. Na série, a entidade aparece em forma de porco-do-mato, mas também como um homem, interpretado por Jimmy London, e está sempre ao lado de Cuca.
Curupira
A criatura é um ser místico que protege a floresta, com cabelos vermelhos, pés ao contrário e muito forte. No entanto, a sua aparência pode mudar de acordo com a região em que a lenda é contada. Ele pode ser careca, pode ter vários pelos em seu corpo, ou ainda pode ter dentes verdes.
Curupira também é conhecido por ser um defensor das florestas em que vive, sempre disposto a se vingar dos humanos que querem destruir a natureza. Segundo os indígenas, a entidade matava as pessoas que entravam na mata para caçar animais ou derrubar as árvores, ou ainda escolhia deixá-los perturbados a ponto de não descobrirem o caminho de volta.
Na obra de Carlos Saldanha, o Curupira é conhecido como Iberê (Fábio Lago) e é um morador de rua que está sempre bêbado. Inclusive, a lenda diz que o personagem sempre recebe cachaça e fumo de presente de quem o teme. Nos episódios finais, o homem assume a forma da entidade com o corpo queimado e com fogo no lugar dos cabelos.
Corpo Seco
A última lenda que aparece na série, e que também traz a grande reviravolta, é do personagem Corpo-Seco. Conhecido também como Unhudo, por ter unhas grandes, a entidade seria um garoto que maltratava tanto os pais que, quando morreu, não foi aceito nem pelo Céu e nem pelo Inferno, com a sua alma vagando pela Terra.
Depois de enterrado, nem mesmo a terra aguentou a sua alma e o “cuspiu” para fora em forma de uma criatura maligna e perigosa. Diz a lenda que às 20h ele se desgruda das árvores para capturar as pessoas que passam por ali, as agarrando com seus braços. Na série, o Corpo-Seco não aparece em sua real forma, mas sim encarnado em Luna (Manuela Dieguez), filha de Eric, e depois nele mesmo, no fim da trama.
Cidade Invisível está disponível na Netflix em sete episódios.