Um artigo científico publicado na última sexta-feira (22/05) na revista The Lancet analisou dados de infecção por COVID-19 em 96.032 pacientes de 671 hospitais em 6 continentes.
Só foram incluídos pacientes que começaram a receber o tratamento nas primeiras 48 horas após diagnóstico e que não estavam utilizando respiradores – ou seja, nenhum paciente em estado avançado da doença.
Foram testados 4 tratamentos e 1 controle. Confira as taxas
de morte em cada grupo:
O estudo também mostrou que pessoas recebendo os tratamentos tinham maiores taxas de arritmia cardíaca, sendo a maior taxa para hidroxicloroquina + antibióticos (8.1%), e a menor no grupo controle (0.3%).
Resumindo: não existe evidência que cloroquina ou hidroxicloroquina ajudem pacientes com COVID-19, mas há um aumento de arritmias cardíacas associadas ao uso desses medicamentos.
Lembrando que esse é o maior estudo avaliando o uso desses medicamentos no mundo todo até agora e que a revista The Lancet também é muito séria e respeitada na área médica. A Sociedade Brasileira de Infectologia não recomendam o uso desses medicamentos, a não ser em caráter experimental e emergencial.
Devido a esse e outros estudos com resultados similares, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou na última segunda (25/05) o fim dos testes com cloroquina e hidroxicloroquina para tratamento da COVID-19. No entanto, outros medicamentos estão sendo testados pela OMS, assim como por diversos laboratórios ao redor do mundo.
Para quem diz “se não quer tomar, não tome” – não é bem assim. Muita gente não tem acesso à artigos científicos, especialmente por serem em inglês e com termos técnicos. A maioria da população vai seguir o que os governantes falarem que é o correto – por isso, é necessário muito cuidado ao se recomendar um medicamento, especialmente em tempos de desespero. Todos queremos a cura, mas precisamos ser responsáveis e relação a isso.