O isolamento social já é uma realidade nos nossos dias. O mundo está em guerra com um inimigo invisível: o corona vírus. A pandemia trouxe problemas sérios para a saúde coletiva, para a economia e também para a escola. O Ensino à Distância (EaD) não era uma realidade para a maioria dos professores e estudantes, principalmente na Educação Básica. E assim, com pouca atenção das mídias, a educação teve que se adaptar a esses novos tempos.
Como realizar um ensino remoto para os alunos com efetividade do processo de ensino aprendizagem? Com certeza absoluta eu não tenho essa resposta, mas como docente da educação básica, tento buscar caminhos. A ausência do ser humano no ambiente fez com que toda a cidade tivesse ganhos notáveis em sua paisagem , são incontáveis notícias que estamos recebendo nessa terceira semana de isolamento social.
Diante dessa oportunidade de observação da natureza, a bioacústica pode ser um bom ramo para estudarmos nesse momento, tendo em vista que a ausência/diminuição do trânsito ressalta mais ainda o canto das aves, potencializando um momento de reflexão e aprofundamento nos conceitos científicos da bioacústica e na sensibilização de uma “volta para a normalidade” que cause menos impactos ambientais.
A bioacústica é uma ciência multi-disciplinar que combina a biologia e a acústica. Geralmente refere-se à investigação da produção sonora, sua dispersão através de um meio elástico e sua recepção pelos animais, incluindo os humanos. Destacamos o trabalho do Biólogo Jacques Vielliard pesquisou o som das aves brasileiras e o registrou em cerca de 30 mil fitas magnéticas. Seu desafio atual é digitalizar todo o acervo, considerado um dos maiores do gênero no mundo, e contribuir para a preservação dos estudos na área de bioacústica. Ele afirma:“O canto do pássaro é uma forma de comunicação. Apresenta qualidades sonoras de frequência, intensidade e duração próprias de cada espécie. Por meio do canto, os indivíduos de uma mesma espécie se reconhecem e podem demarcar seus territórios e formar seus pares”.
Seja em uma ida até a janela ou uma visita ao quintal, adaptar os ouvidos e estudar a bioacústica é uma boa sugestão para a aprendizagem de Ciências nesse momento. Essa atividade foi realizada no Clube de Ciências Virtual do Colégio Espaço Verde (Volta Redonda-RJ) e muitos foram os relatos de alunos que não conseguiam perceber o canto dos pássaros, e ficaram encantados nessa semana com um ouvido mais aguçado e refletiram sobre a necessidade de preservação ambiental no planeta.
Vamos destacar alguns:
“Olha que legal, as maritacas em bando passam alegres a “berrar”… enquanto o Bem-te-vi não para de cantar… a sábia está inibida esperando a chuva chegar… e ainda tem mais: são os Trinca ferro, João de barro, Tiê sangue, Canário da terra, Sanhaço azul, Jacú, Saracura entre outros… é muito bicho a cantarolar…”
Estudante do 3º ano do Ensino Fundamental I, demonstrando um maior interesse e uma proatividade na pesquisa. Vejam quantos nomes de pássaros que destaca.
“Tentaremos gravar o som de um gavião que sempre nos visita. no telhado do prédio ao lado. Parece ser uma família.
observamos também que aumentam os sons dos pássaros quando chove, eles parecem ficar felizes&
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Nesse segundo relato, também do 3º ano, é nítido uma maior atenção na observação da natureza ao redor em que moram e, ainda, a participação da família, que é a principal parceira da escola nesse momento, fazendo a aprendizagem se tornar coletiva através dos momentos dialógicos de troca com os estudantes.