Na área da educação, muitos governantes estão falando sobre a possibilidade das escolas aderirem a Educação à Distância (EAD). Isso muito me preocupa, primeiramente pelo fato da educação básica nunca ter feito isso, não existe pesquisa na área de ensino nesse nível de escolaridade, estamos perdidos.
Um outro fator que percebo é que a maioria dos professores entende o EAD como sendo estritamente vídeo aulas, e na minha visão, a maioria delas não são dialógicas e é a estratégia menos indicada para esse momento de isolamento social, tendo em vista que precisamos adaptar nossas interações sociais para preservarmos a nossa saúde mental, e a retomada das atividades escolares precisa considerar maneiras de adaptação de interação entre os pares para a construção do conhecimento.
Diante desse problema, gostaria de propor a adaptação dos chamados clubes de ciências nesse momento de isolamento social.Calma… não estou querendo marcar encontros e nem reuniões. Clube de ciência é a criação de um ambiente para a aprendizagem e o aprofundamento do conhecimento científico, de modo que ele se constrói através de interações dialógicas com os seus componentes, ou seja, um aprende com o outro. É uma iniciação à ciência, tendo em vista que cria-se nos educandos uma maior habilidade de observação do fenômeno, pois ele acontece principalmente fora da sala de aula, no cotidiano em que o aluno está inserido.
Há no Brasil, duas discussões/definições que consideramos contemporâneas e que se coadunam com o espírito existente em um clube de ciências. Santos et al (2010) nos diz que o objetivo de tais clubes é “…tornar o ensino de ciência muito mais significativo, conectando o cotidiano dos estudantes e contribuindo para uma formação científica mais efetiva.” Já para Schroeder e Buch(2012):
“Apesar de várias concepções existentes, no entanto, os objetivos são semelhantes: despertar o interesse pela ciência; a preparação para os contentos mais evoluídos científica e tecnologicamente, oferecer um ambiente onde o estudante possa dialogar e compartilhar suas experiências e inquietudes, proporcionar o desenvolvimento do espírito científico (atitudes e habilidades) com vistas a uma educação científica mais significativa, dar um sentido prático à dimensão mais teórica, ensinada em sala de aula; formar um estudante com visão – um estudante mais crítico, além de proporcionar um espaço que possibilita os estudantes refletirem sobre problemas cotidianos, contribuindo para a construção do seu conhecimento.”
Consideramos que o Clube de Ciências é importante em qualquer momento da vida escolar dos alunos, e ele pode ocorrer durante o ano letivo, contudo, abordá-lo com uma maior intensidade nesse momento atípico que estamos vivendo é uma alternativa. Sabemos que a relação dialógica, pessoalmente não será possível nesse momento, mas vivemos em um mundo conectado, e essa pode estabelecer-se a partir das diversas redes sociais no ambiente digital que está tão difundido em nossos dias. Cada vez mais percebo meus alunos sem ter o que fazer nas redes sociais, e se garantíssemos intencionalidade em suas postagens com hashtags (#), garantindo assim uma interação virtual, que não é o oposto de real mas é o oposto de presencial.
Portanto, convidamos a família a embarcar juntas em nosso clube de ciências que proporcionará momentos de observação, experimentação e principalmente reflexão diante das mudanças que estão acontecendo de modo tão globalizado. Vamos para a janela aguçar os ouvidos e perceber um passarinho cantando que antes não ouvíamos? Vamos propor ações de retomada da nossa vida cotidiana que preserve um pouco os ganhos ambientais que o meio ambiente vem apresentando?
A nossa maior intenção é formar para a cidadania ativa, ou seja, alunos atentos e críticos aos rumos da ciência independente das épocas de crise, pois devemos acompanha-la para a produção de ciência e tecnologia visando o bem-estar da sociedade. Vamos juntos?
Referências:
SANTOS, J.; et al. Estruturação e consolidação de Clubes de Ciências nas escolas públicas do litoral do Paraná. II Simpósio Nacional de Ensino de Ciências e Tecnologia. Ponta Grossa, 2010;
SCHROEDER, E.; BUCH, G. M.; Clubes de ciências e educação científica: o projeto enerbio como interface para a iniciação científica de estudantes do Ensino médio. IX Seminário em Educação da Região Sul – ANPED SUL, 2012.
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