Os anos 80 e 90 ajudaram, e muito, a encher o balaio já gigante da cultura Pop (popular). Filmes e séries, quadrinhos e desenhos, jogos e videogames fizeram a infância dos trintões e quarentões de hoje. O mundo Pop, aliás o mundo no geral, parecia ser mais simples do que é atualmente, em especial para estes trintões e quarentões que, naquela época, eram inocentes crianças.
Os vilões Nosferatus predavam os heróis dos cantos mais escuros que a mente humana poderia imaginar, nada poderia ser mais evidente que um personagem esfregando maliciosamente uma mão na outra e rindo uma risada cruel. Por outro lado, o herói ou o protagonista é o ingênuo despreparado para lidar com esse mal, resumindo: o maniqueísmo como recurso básico para uma história. Quem não gosta?
É fácil de entender e, portanto, tomar partido dos personagens é tarefa simples. Recompensadora também porque acompanhamos cada passo do herói e cada tombo, sofrendo com ele e aprendendo com ele até a vitória derradeira. Um antagonista clássico tende a surgir pronto, dado que é preciso que dele emane uma aura de perigo imediato ou que, pelo menos, sirva como um desafio a ser superado graduando esse herói em um nível superior ao qual ele começou.
Novamente, fácil. Espaço para um adendo: Fácil, não superficial. O designer Gui Bonsiepe disse certa vez “A complexidade da forma não implica na complexidade do uso”, referindo- se, naquele momento, à indústria de bens e consumo e os consumidores. Aqui a máxima é aplicada para que se entenda que uma história simples pode ser muito mais complexa do que aparenta, Star Wars original é um bom exemplo, a complexidade da história não implica na complexidade da interpretação.
Para concluir esta parte do raciocínio os anos 80 e 90 não estavam preocupados com as suas camadas porque tempos mais simples, talvez. Mas e se fosse hoje? Como seriam traduzidas para leituras mais complexas? A propósito, já viram Cobra Kai?