Uma das notícias mais relevantes atualmente é o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, repercutindo no mundo todo.
Tal conflito não é de todo recente, pois ao longo dos séculos, a Ucrânia fez parte de impérios, sofreu inúmeras invasões, foi incorporada pelos russos e pelos soviéticos, se tornou independente, mas nunca resolveu por completo sua relação com a Rússia.
Dentre os principais motivos que levaram à este conflito, tem-se a aproximação da Ucrânia com o Ocidente, o que leva a cogitar a possibilidade do país fazer parte da Otan e da União Europeia, além da ambição expansionista e revisionista de Putin, visando aumentar o seu poder de influência na região, dentre outros.
Contudo, este conflito terá impactos, não apenas locais, mas globais, e o Brasil está no radar, entenda porque.
Segundo a FGV (Fundação Getúlio Vargas), existem diversos canais pelos quais a crise entre Rússia e Ucrânia pode chegar à economia brasileira.
Os combustíveis no Brasil serão impactados pelo conflito europeu.
O principal é o preço internacional do petróleo. O mesmo ocorre com o gás natural, produto do qual a Rússia é a maior produtora global, sendo que o Brasil usa o gás natural para abastecimento das termelétricas.
Em relação à gasolina, a recuperação da safra de cana-de-açúcar está reduzindo o preço do álcool anidro, o que também ajuda a segurar a pressão do barril de petróleo num primeiro momento. Desde novembro do ano passado, o litro do etanol anidro acumula queda de 24,6% em São Paulo, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo.
Os alimentos também estão no radar entre a guerra no Leste europeu.
A Rússia é a maior produtora mundial de trigo. A Ucrânia ocupa a quarta posição. Nesse caso, o Brasil não pode contar com outros mercados porque a seca na Argentina, tradicionalmente maior exportador do grão para o Brasil, está comprometendo a safra local.
A crise no mercado de petróleo também pressiona os alimentos. Isso porque a Rússia é o maior produtor mundial de fertilizantes, que também são afetados pelo petróleo mais caro. Atualmente, o Brasil compra 20% dos fertilizantes do mercado russo. O aumento do diesel também interfere indiretamente no preço da comida, ao ser repassado por meio de fretes mais caros.
O juros e o dólar também impactarão a economia brasileira.
O dólar, que chegou a atingir R$ 5 na quarta-feira (23), fechou a sexta-feira (25) a R$ 5,15 após a ocupação de cidades ucranianas por tropas russas. Por enquanto, os efeitos no câmbio são relativamente pequenos porque o Brasil se beneficiou de uma queda de quase 10% da moeda norte-americana no acumulado de 2022.
Paulo Valle, secretário do Tesouro Nacional, disse que o Brasil está preparado para os impactos econômicos da guerra. Segundo ele, o país tem grandes reservas internacionais e baixa participação de estrangeiros na dívida pública, o que ajudaria a enfrentar os riscos de uma turbulência externa prolongada.
No entanto, caso o dólar continue a subir e a inflação não ceder, o Banco Central pode ver-se obrigado a aumentar a taxa Selic (juros básicos da economia) mais que o previsto. Nesse caso, o crescimento econômico para este ano ficaria ainda mais prejudicado.
Além disso, os ataques russos ao território ucraniano terão impacto direto na importação brasileira de produtos como ferro, plástico e maquinário industrial vindos da Ucrânia. A relação comercial do Brasil com a Ucrânia estava em crescimento acelerado até o início das invasões russas.
Em resumo, os efeitos provocados pelas tensões da guerra Rússia x Ucrânia, afetarão no Brasil principalmente combustíveis, alimentos, juros e agronegócio. O que se espera, sobretudo, é que os interesses políticos e econômicos sejam colocados de lado, na busca de uma solução pacífica para ambas as partes, o que não será uma tarefa fácil. Por mais que as tensões se agravem daqui em diante, os efeitos diplomáticos de ambos os lados não se justificam, diante de uma guerra na qual o mundo clama por paz.