Aprender uma nova habilidade, seguir regras e lidar com as perdas e ganhos (#winsandlosses) de uma competição são habilidades importantes, mas cada vez mais escassas na nossa sociedade. O esporte pode te ajudar a ser fit, mas te ensina principalmente a ser ajuda a ser uma pessoa melhor, internamente e diante das relações sociais cada vez mais complexas – on-line e off line.
Fábio Hossaki é um ciclista e professor de educação física, que há certa de 2 anos passou a trabalhar em assessoria esportiva focada no ciclismo de estrada e mountain bike. Em seu currículo, ele tem grandes eventos como CIMTB, Brasil Ride, GP Ravelli, Big Biker, Canastra e, este ano, está se preparando para participar da maratona internacional.
O ciclismo entrou na vida de Fábio ainda quando era um “petit enfant“. Com 5 anos aprendeu a andar de bicicleta sozinho e, nesse processo, perdeu metade dos dentes de leite. Além da bike, outros esportes fizeram parte da sua infância e por morar em uma cidade do interior, passava o dia brincando na rua, correndo, pedalando e se manter ativo.
Fábio fez a observação de que sente pena das crianças de hoje porque vivem confinadas em prédios e não aprenderam a correr, muito menos, a corres os riscos de uma infância fisicamente ativa, como era no tempo dos nossos pais.
Além das brincadeiras de rua, nosso amigo ciclista fez artes marciais (caratê, Jiu Jitsu, aikidô), boxe, corrida, rafting, rapel, arvorismo, escalada. Em fim, o esporte sempre foi parte importante da sua vida e, ao longo dos anos, essa paixão pelo movimento, foi o que o levou a cursar educação física.
Fábio explicou que há diferenças fundamentais entre o ciclismo ocasional e o ciclismo de competição. Para ele, andar de bicicleta é sair pedalando por ai, seja para se deslocar ou seja para o simples lazer, sem preocupação com técnica e rendimento. Ele explica que a competição de ciclismo faz as pessoas participarem ativamente de um evento, no dia da competição e antes dela.
Para entrar em uma competição, a pessoa precisa ter um mínimo de preparação – como treinamento físico, mental e psicológico – e utilizar equipamento adequado – manutenção em dia, componentes ajustados e testados previamente-. A experiência de Hossaki lhe permite afirmar que na competição existem regras, percurso e rotas pré-determinadas.
Andar de bicicleta é uma coisa, competir é outra. Mas nada impede que você vá “Andar de bicicleta” em uma competição, apenas tenha bom senso de largar mais ao fundo e não atrapalhar os demais atletas que buscam rendimento. Tal comportamento gera stress para ambos além de perigo podendo provocar acidentes pela diferença de velocidade.
Fábio Hossaki
Os treinos de Fábio ocorrem sob a orientação de um técnico e, para complementar esse trabalho, ele é regrado em sua alimentação durante a temporada, pois o treinamento é todo planejado visando melhorar os seus pontos fortes e minimizar as deficiências, com o objetivo de refinar sua técnica e transformá-lo em um atleta mais completo. Suas sessões de exercício têm metas e monitoramento, para poderem
ser analisadas, principalmente, nos aspectos a seguir: desgaste, condição física, nível de fadiga.
Fora de temporada, Fabinho, se permite relaxar um pouco e desligar dessa tensão de ter sempre estar rendendo, quanto no tangente aos exercícios físicos quanto no que diz respeito à sua alimentação. Sua ceia de Natal, por exemplo, costuma ser um banquete do qual ele não desperdiça nem uma uvinha passa! ;-P
Confira a entrevista que fizemos com Fábio Hossaki:
4) Como o esporte pode funcionar como um agente de transformação social?
O esporte pode e muitas vezes é um agente transformador,
a rotina exigida, disciplina e foco exigidas para a prática satisfatória de qualquer esporte tem a capacidade de ensinar e formar cidadãos de caráter.
Começa da base, nas aulas de educação física a criança ainda em formação tem contato com diferentes modalidades esportivas. E muitas vezes “se dá melhor” com alguma.
Se for bem orientada pode direcionar essa energia e vontade para se aperfeiçoar e evoluir dentro da modalidade escolhida. A adoção de hábitos saudáveis repercute nas demais áreas da vida.
Em encontro recente da minha turma de faculdade trocando histórias com os amigos ouvi uma professora dizer que chegou a comprar chuteiras para os alunos da comunidade poderem treinar e participar de competições.
Mas o empenho e vontade dos garotos faz valer o investimento. Foram campeões estaduais entre mais de 60 escolas e cada aluno que fez parte dessa turma com certeza aprendeu algo na jornada que será útil durante toda a vida daquele momento em diante. Vejo dessa forma.
O que precisa melhorar com relação às leis de incentivo ao esporte e à estrutura para que esportes não tradicionais como o ciclismo ganhem relevância do ponto de vista de visibilidade na mídia e apoio financeiro?
Essa é complexa, até existe uma lei entre as empresas para fomentar a prática esportiva mas a burocracia é tão grande e complexa que a maioria esmagadora dos projetos não “vinga”. Acredito que outras áreas como saúde e segurança que são prioridades maiores a meu ver ainda
tem suas deficiências no esporte o apoio muitas vezes vem de gente que faz por gosto ou idealismo, porque não há retorno da parte pública.
Quanto à estrutura pelo menos para o ciclismo é difícil. A construção de ciclovias e Rotas para a prática tem crescido e isso é ponto positivo, mas o número crescente de acidentes com feridos e mortes envolvendo ciclistas é preocupante.
Não há conscientização dos condutores que às vezes vêem o ciclista como mais um para “disputar espaço” existe um termo chamado “fina educativa” que alguns usam com orgulho colocando em risco a vida de todo praticante.
As mídias de massa no nosso país têm uma predominância do futebol. 90% da duração dos programas esportivos falam só sobre ele mas esse fenômeno
têm mudado de tempos pra cá. Mudanças tímidas mas que dão esperança.
Também há o boom das mídias sociais que vem ganhando destaque crescente e exponencial. E a mídia não mente. Tanto é que o prêmio de atleta da torcida foi de 2018 foi ganho por Avancini nosso representante no ciclismo MTB com larga vantagem para os demais concorrentes e pra isso foram usadas as mídias sociais. Acredito que aumentando a visibilidade nas mídias a melhora do apoio financeiro é consequência.
As marcas estão investindo mais nas mídias pois elas são mais segmentadas em nichos específicos então o ciclismo acaba tendo o destaque merecido ali. E vendo esse processo acontecer talvez faça a mídia de massa “acordar” para acompanhar o processo