Em algum momento de nossa história, talvez pela escassez de acesso ao longo dos anos, exclusividade como marcador social, aprendemos a associar preço a qualidade, quanto mais alto melhor. Com roupa não foi diferente, assim nasceu o mito de que se vestir bem custa caro. O ponto é que caro e barato são conceitos relativos não só a algo, mas a alguém: o que é caro para mim pode não ser para você e vice-versa. E essa associação entre preço e qualidade está longe de ser o bastante para entender por que uma roupa custa o que custa – e se vale o que custa.
Qualidade diz respeito a parte material. São os tecidos, as fibras que os compõem, sua estrutura, precisão do corte, complexidade das formas, limpeza dos acabamentos. Esses insumos e etapas podem sim ter valores mais altos na fabricação à medida que a qualidade aumenta, mas não podemos esquecer da questão da escala de produção. Quanto mais se produz mais baixo tende a ficar o preço final do produto, o que justifica a existência de itens de boa qualidade em grandes varejistas populares.
Mas nem só de qualidade se faz um preço, quem já precificou algo na vida sabe bem disso. Para além dos custos operacionais, que são mais óbvios de se pensar e incluem coisas como logística, programação de loja online, aluguel, luz e água se existirem pontos de venda físicos, pagamento de funcionários e fornecedores, há outras intangíveis muito mais complexas de se analisar, como posicionamento de marca, se há algum nome proeminente envolvido no processo e valor de mercado.
Então, para saber se o que deseja comprar vale o que custa, substitua o simples gesto de olhar o preço por avaliar o custo x benefício da peça na sua vida, gostos, rotina e orçamento. Pare um momento e pense em quantas coordenações pode fazer com o que já possui no guarda-roupa, nos tipos de ocasiões diferentes que pode usá-la, faça chuva, frio ou sol. No fim das contas, caro é o que não se usa.