Prometi à mim mesmo que não iria fazer isto novamente. Senti em minha pele os arrepios que aquela misteriosa floresta causava. As árvores eram separadas umas das outras, de maneira que parecesse que foram plantadas umas longes das outras intencionalmente.
A nevoa estava densa, tão densa que não conseguia enxergar metros à minha frente, mas não queria saber de nada, apenas queria cumprir minha missão.
Dedos calejados, rosto enrugado, pele pálida, demonstravam o quanto tenho feito isso ao decorrer dos anos, ninguém se dispõe de fazer este trabalho, todos têm medo de fazê-lo.
Em todos esses anos, nunca me encontrei com eles, apenas fazia o que me mandavam, eram exigentes mas não queria saber, só queria meu pagamento. Um pagamento no qual aqueles que não fazem este trabalho não têm esse privilégio.
Que privilégio? Você me pergunta, eu te responde; sobreviver, como assim? aqueles que não realizam este trabalho, são levados por eles, suas famílias, conhecidos e até mesmo suas próprias casas inteiras, são levadas por eles.
Me pergunto, o porquê de nenhum deles querer fazer este trabalho, eu o faço sozinho, será que eles têm medo da floresta? ou será da neblina? Só sei que mesmo com medo, eu o fazia.
Os corpos eram pesados, carregá-los de um lado da floresta para o outro me causava muitos calos. Os seres do outro lado não mantinham mais o contado com aqueles que estão deste lado, apenas eu faço esse contato entre os dois lados. Muitos me chamam de diferentes nomes, cada lado me chama de um nome. Meus braços estavam cansados de fazer este serviço, antes eu o fazia através de um barco, mas os seres daquele lado acabaram com o lago que aqui havia, agora o faço à pé.
Prometi à mim mesmo que não faria este serviço novamente, mas quem iria carregar estas pobres almas ao além?
– MVZ Kaymond
Este é mais um conto de MVZ Kaymond, produtor de conteúdos da tecnoveste e um jovem e iniciante escritor. Para saber mais sobre textos, contos e projetos seus, visite sua página do facebook (clique aqui).
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