Todos perguntam em quem vou votar em 2022.
Eu respondo que “votarei em qualquer pessoa que não seja o Bolsonaro”. Mas, e se restarem Bolsonaro e Datena no segundo turno? Vou de Datena. Bolsonaro e Mandetta? Mandetta. Bolsonaro e Ciro? Ciro. Se for Bolsonaro e Lula? Bem, segue a linha de raciocínio.
Pois é. Eu não tenho a menor ideia de como seria uma gestão Datena, por exemplo, e male-male conheço o personagem que ele incorpora todos os dias na TV.
Mas, sim… Votaria no Datena
contra o Bolsonaro pois não acredito na maldição proferida por Tiririca segundo a qual “pior do que tá não fica”. Às vezes me pergunto quanto mais precisamos cavar para chegar ao mais fundo do fundo do poço.
O processo de perder direitos vem sorrateiro, porém a gestão Bolsonaro está escancarando: os brasileiros estão perdendo valores e princípios que ainda nos garantem uma vida básica com conforto e diversão.
Estamos perdendo emprego, renda, poder de compra, não há carros para comprar,
falta comida na mesa e gás de cozinha.
O discurso do Bolsonaro sobre não fazer ‘lockdown’ é ‘estruturado’ no brasileiro precisa trabalhar, mas desapareceu o emprego formal, aquele com as garantia da CLT e direitos trabalhistas; precisa de saúde pública, mas o governo praticamente cometeu um genocídio ao promover a contaminação de rebanho do coronavírus: a educação e a cultura foram dizimadas por ministros terraplanistas. Não tem vacina, nem temos certeza do dia de amanhã.
Restou para nós o “custo Bolsonaro”.
Estamos vivendo tudo à flor da pele. Todos os dias são “históricos”, todos os dias vivemos no limite do stress para conseguir SOBREVIVER ao que deveria ser uma passagem pela vida. Não estamos vivendo, estamos nos desgastando. Estamos esmorecendo. Estamos com raiva, estamos cansados, estamos estressados, estamos tristes, estamos com medo.
Não há um dia sequer que não aconteça algo que nos faça perguntar “o que é isso que estamos vivendo? ”. O “novo normal” é tomar remédios para dormir, é chorar no banho, é acordar com ansiedade, é querer gritar com todo mundo, é se sentir de saco cheio até estando sozinho? Não quero!
Não, eu não estou bem. Ninguém está. E quando falo de ESTAR, estou falando de estado de espírito mesmo, não de ‘ser’. Sei que sou uma pessoa privilegiada, pois estou vivendo na mesma linha de tempo, mas não os mesmos problemas. E o que eu vejo vendo gente passando pelo inferno que é depender desde maldito governo, inclusive porque as vacinas são do SUS, um programa Federal.
Eu não dependo -majoritariamente- do governo (no que se refere à renda ou comida), mas moro aqui, amo o meu país e luto pelos direitos iguais. Quero dizer a vocês que eu já estive bem durante essa pandemia. Eu me encontrei, tive dias ótimos em que achei que a tristeza nunca mais me alcançaria. Achei que com o autoconhecimento eu poderia correr mais do que o tempo de ficar triste vez ou outra. Mas estava errada. Me
encontro triste. E se você não estiver, aproveite. Pois uma hora vai ficar.
Isso não é um desejo meu. É uma observação. É um aviso. Você vai ficar triste, cedo ou tarde.
Vamos entrar num período em que o mundo vai começar a se reerguer e o Brasil vai assistir. Tudo vai ficar pior. Consegue imaginar um filme de ficção cientifica onde todos conseguem sobreviver, voltam às suas vidas normais e esquecem que uma parcela ainda sofre com aquele problema?
Deveríamos ‘aproveitar’ a Pandemia do Coronavírus para exaltar a ciência brasileira, pois somos bons em “dar jeitinho” e inventar soluções para problemas. Mas quando o mundo solucionar o problema da Covid, sem o Brasil, seremos vistos como os desajustados do mundo. Ninguém quer ficar perto de uma economia inexistente, de um país fracassado, de uma população de mendigos.
O fato é crítico, doloroso, chato e até mesmo preconceituoso – pois seremos olhados com desdém. Mas é o que é. Devemos ter consciência de que precisamos nos erguer antes que sejamos abandonados. Precisamos acompanhar quem está liderando a nova ordem mundial, liderada pela ciência e tecnologia. E só poderemos fazer isso investindo nos talentos dos nossos biomédicos, médicos, cientistas, pesquisadores e virologistas… É preciso pressionar pela vacina e erradicar a Covid.
Por tudo isso e mais um pouco eu digo: é triste ter de reconhecer que o Brasil virou terra de ninguém.
Pois ando com mais medo do conhecido do que do desconhecido. E sabemos o que Bolsonaro sabe fazer: explodir quartéis, fazer o povo passar fome, raiva e tristeza. Ainda que a pandemia tenha vindo junto com a praga genocida, há algo que podemos fazer: não votar em Bolsonaro em 2022.