O livro Dialéticas Poéticas trata-se de uma antologia de textos de cunho poético, sobre ficção, filosofia, comportamento humano, poesias e até sobre o curso de letras no CEFET-MG. Segundo a autora, Fernanda Monteiro, “escrever algo que vá superar suas expectativas e agregar algo bom para as pessoas não é fácil”. Ela ainda relata que “o processo de criação do livro está sendo como um aprendizado” para a sua formação como escritora e como pessoa. Fernanda ainda relata que, com as leituras teóricas realizadas para produzir algo sobre os assuntos e alcançar uma representação do que é esse mundo da poesia em um cotidiano tão corrido, com a cabeça cheia de preocupações não é fácil, e diz tentar encontrar um espaço nessa bagunça da vida para a poesia. “Falar de poesia é achar essa brecha para libertar uma alma imersa nas prisões do dia a dia”.
Do orgulho
‘Sair do trabalho, ir para a academia, depois para casa ou outro lugar qualquer.’
Se estás lendo isso, é graças a alguém, não?
Não sei você, mas eu adoro uma leitura. Há crucialidades em diversos pontos da vida. Entender, talvez seja mais importante que ler; ou talvez não. Me pergunto todos os dias:
– O que posso fazer para entender mais a vida?
E de repente me vejo pensando no meu passado. Histórias escritas na mente, sonhadas e metodicamente, elaboradas ao cair da noite.
Neste brilhantir de imagens e sonhos, a lucidez, certamente nos observa.
Ainda penso em encontrar certas formas de contar-lhes tudo aquilo que tanto sonho, tanto vejo e que, de certa forma, tanto me abala. Nutrições arbóreas nas sombras da calamidade, de mim, para mim, resvalam no outro.
Se por outro lado, eu encontre a verdadeira noção na base do meu cantar, diríeis que estávamos em nós de harmonia, com leveza – traçado na mente e absorvidas no corpo – este teu esplêndido cantar.
Se não me entendo, me oriento e, estático, estratificado estou. Mudanças tolas estão no acalento de nosso peito e, sem perceber, na tolice de nossas ilusões, temos percepções de nossa vida que não é assim, tão fácil; estamos oriundos de pensamentos básicos sobre o outro lado de nossa alma.
A alma é um passado condenado, um resvalo errôneo de fatores que se multiplicam com o tempo e, o sentido garantido, que apenas talvez, admito contigo, se perdeu nas novas manhãs de outono.
Durante meu trajeto, percebo que garantir minha sanidade rouca é uma loucura. Lembro de pensamentos que outrora preferiria esquecê-los. Sinto um gosto amargo do tempo apontando para um lado que não quero, um futuro incerto ancorado nos Eu’s incompletos que tive, ao adornar, sofrimento eterno. Se, pensando bem, não fossemos tão jovens, o que deveríamos dizer, fazer e entender?
Chego ao meu destino. Escrevo esta carta e digo a quem possa interessar:
– O meu destino chegou, o seu também chegará!
Pois para um bom entendedor do universo das letras, por si só, ver um esplendor de belezas, é fácil.
Fonte: MONTEIRO, Fernanda; ROSEMBERG, Pedro. Do orgulho; Capítulo 5, Parte I. In: Dialéticas poéticas. Belo Horizonte: Editora Estandarte das Letras; Neonmaker, 2020. (No prelo).
Por Pedro Rosemberg