A vida do brasileiro médio nunca foi fácil, com o agravamento da pandemia e, consequente, crise financeira as pessoas tiveram que se reinventar. A despeito de haver um grande volume de capitais de investimento fazendo aportes em startups brasileiras, nem todo mundo tem o privilégio de ter uma ideia que já tenha encontrado seu encaixe de mercado (product-market fit).
Em 2020, foi batido o recorde do último quinquênio, quando foram registrados no Brasil mais de 2,6 milhões de novos microempreendedores individuais (MEI). Segundo o relatório da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizado no Brasil pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ), demonstrou que das empresas que não fecharam, muitas tiveram queda no faturamento de até 70%.
Nos últimos meses, o empreendedorismo no Brasil caiu 20% e atingiu o menor patamar dos últimos oito anos. Isso se deveu, principalmente, pela saída de empreendedores mais antigos e experientes do mundo dos negócios. Apesar da taxa de abertura de novos negócio ter apresentado um ligeiro aumento passando de 0,1% e atingindo a maior taxa histórica da série que teve início em 2002, houve uma forte redução na quantidade de empreendedores estabelecidos, os que empreendem há mais de 3,5 anos, derrubou a taxa total, ao passar de 16,2% para 8,7%, uma redução de quase 50%.
O resultado é que o número de empreendedores estabelecidos ficou abaixo do registrado em 2004. A queda nos empreendedores estabelecidos, no Brasil, foi mais forte que em outras 46 nações que participaram do estudo da GEM em 2020. Nesse cenário, o empreendedorismo individual e por necessidade ganharam força e o número de empreendedores iniciais motivados por necessidade saltou de 37,5% para 50,4%, o mesmo nível de 18 anos atrás.
A maioria dos participantes da pesquisa alegou que a motivação para começar um negócio foi a solução encontrada para ganhar a vida porque os empregos estão escassos. No entanto, o empreendedorismo de corrente de, no máximo, três meses em operação ou de quem ainda não abriu mas está fazendo algo para abrir um negócio , cresceu 25% e atingiu o maior patamar da série histórica, com uma taxa de 10, 2%.
Esses resultados nos mostram a necessidade de políticas públicas que amparem os donos de pequenos negócios, que ampliem a oferta de crédito, que reduzam a burocracia e que prorroguem o pagamento de impostos ou que até mesmo concedam moratória. Os empreendedores que ainda têm fôlego para lutar bravamente pelas suas empresas não podem ficar desamparados.
Nesse cenário, a importância do Sebrae se firma mais ainda. Pois além de trabalhar para que sejam criadas políticas públicas que deem amparo para 99% das empresas brasileiras, a instituição exerce um papel fundamental na educação e na capacitação desses milhões de empreendedores que nasceram por necessidade em 2020. E desde o início da crise, o Sebrae concentrou esforços para atender esse milhões de novos empreendedores disponibilizando capacitações online e gratuitas e trabalhando por programas de crédito que também atendam esse público.