O aumento da presença digital das empresas é acompanhado de uma exponencial adesão das pessoas ao meio digital para resolução de suas atividades quotidianas. Se não bastasse isso, é gradualmente consistente a maneira como as pessoas têm aceitado a internet como meio primordial de comunicação e relacionamento.
Nesse contexto, trazermos a entrevista de Emiliano Agazzoni, cofundador da Community Manager School, um espaço de aprendizagem acerca das maneiras como comunidades podem ser geridas para se manterem produtivas e saudáveis, melhorando a vida de todos que fazem parte da rede.
- Desde que o mundo é mundo, os seres humanos se reúnem em comunidades. Quais são as maiores diferenças entre as comunidades físicas e digitais?
As comunidades físicas continuam existindo nos formatos que já conhecemos. As comunidades online proporcionaram a possibilidade de criar ambiente virtuais que estão mudando as nossas vidas. Um exemplo disso são as comunidades que criaram a internet. Desenvolvedores, pessoas de negócios, criativos criando o mundo que 30 anos atrás não existia e hoje não conseguimos viver sem. As comunidades on-line permitiram criar espaços nichados onde pessoas com um mesmo interesse não estão ligados ao mesmo espaço físico e se encontram em grupos de Facebook, fóruns online, salas de bate-papo como o Discord ou Telegram. As pessoas podem ser parte da sua tribo virtualmente se essa comunidade não está no bairro ou cidade onde ela mora. Isso abriu milhares de possibilidades, desde a criação de novos negócios, encontros virtuais, eventos e a possibilidade de divertir-se e fazer amigos.
- O que faz um gerenciador de comunidades (community manager)?
O Community manager é responsável por criar conteúdo, determinar a linguagem mais apropriada e interagir com o público. O principal objetivo de um Community Manager é fazer com que o relacionamento entre as marcas e os seus consumidores seja o mais próximo e sincero possível – e capaz de fidelizar ainda mais os clientes. Esse profissional além de gerenciar a marca em todos os ambientes onde ela está presente, ele também nutre, fomenta, divulga, cria relacionamentos com clientes, fãs, interessados, parceiros etc.
- Quais são os tipos de comunidades mais interessantes criadas nas redes sociais?
Existem diversas comunidades de mães, pais, educação financeira, esportes, jogos online. Três comunidades que eu admiro são: Papo de Pai, do Tomás Dotti, que tem um site com +850 mil visitas por mês, grupos de Facebook com 55 mil membros e o Instagram. Adopt Me que é a comunidade do jogo que existe no Reddit e no Discord. São milhares de pessoas que jogam, trocam ideias, dicas sobre o jogo e até co-criam junto com a marca. Outra comunidade muito legal é a Sallve que começou com a Juliana Petit se tornando sócia e ajudou a crescer uma marca de cosméticos que criou o seu primeiro produto a partir de perguntas para a comunidade. Eles trabalham muito bem o Instagram.
- É possível levar o engajamento das comunidades online para o mundo físico?
Sim, existem diferentes técnicas e construções de experiências para tornar os encontros presenciais mais atrativos e não ser mais do mesmo. O abraço, o encontro cara a cara é algo que é inerente ao ser humano e até as comunidades nativas digitais tem seus encontros presenciais para eles se conhecerem saindo do computador. Hoje em dia, são diferentes níveis de experiências de uma comunidade só. Pode começar no físico, mas ela se avança com as ferramentas digitais. Ou vice-versa, as maiores comunidades online fazem seus encontros anuais e hoje reúnem milhares de pessoas como as comunidades de jogos online por exemplo.
Com modelos de assinaturas, conteúdo exclusivos, estratégias de engajamento e gamificação onde o membro vai avançando e “subindo de nível na comunidade”, ganhando reconhecimento, emblemas, destaque e visibilidade.
Quando você tem uma comunidade engajada, aumenta a retenção dos seus clientes (comprem produtos ou serviços).
- Com os metaversos, quais são as possibilidades que se abrem para comunidades?
Metaversos são experiências imersivas digitais que permitem com espaços digitais criem formatos para as comunidades. Existe muito questionamento sobre a real imersão desses metaverso, mas hoje é possível com ferramentas como Gather Town onde no universo de um videogame você cria espaços de brincadeira, troca e criação junto com a sua comunidade. Na CM School, criamos a CM Verso junto com Grupo Epic e vamos ter um encontro no dia 17 de novembro de 2022. Fiquem ligados, porque vão poder entrar gratuitamente e experimentar como funciona na prática a nossa comunidade em um metaverso.
- O que é gamificação?
É o uso de técnicas de design de jogos e comportamentos humanos para enriquecer diversos contextos da jornada com seu membro (que pode ser um cliente, um parceiro, um fornecedor ou um funcionário). Não podemos esquecer que a empresa é uma grande comunidade e criar estratégias de engajamento com eles para estimular o senso de pertencimento e reforçar a cultura é uma das estratégias mais usadas pelas empresas nos últimos três anos.
- Quais são as dores que sua startup resolve?
Resolvemos a dor que as marcas têm de engajar os públicos de interesse. Todos querem mais atenção, mais atração, mais retenção. Por meio de estratégias de comunidades, resolvemos essa dor. Oferecemos cursos e treinamento para pessoas físicas e empresas e temos um produto exclusivos para empresas que é um bootcamp com sessões de mentoria para acelerar a criação de uma estratégia de comunidades para a organização. O bootcamp se chama Minimum Viable Community e marcas como Sebrae, Cesar School, HSM, 99 Taxi já fizeram e aumentaram o engajamento com seus públicos de interesse.
- Como você formou o seu time e quem são as pessoas que fazem parte dele?
Hoje, somos cinco pessoas. Cuidamos da criação dos conteúdos, a metodologia de nossos cursos e bootcamps.
- Vocês já receberam investimento externo? Que diferença ele fez para o planejamento futuro?
Não recebemos investimento ainda. Acreditamos no modelo sustentável para ganhar tração e acelerar quando chegar o momento certo. Todo o recurso advindo de clientes e patrocinadores, por meio de eventos que realizamos, é reinvestido em marketing e estratégias de engajamento com a nossa comunidade de profissionais de comunidades que nos ajudam a chegar a mais pessoas e empresas.
Anos trás, as pessoas criavam os produtos e depois iam ao mercado para validar. Isso está mudando. Existe um conceito chamado Go-To-Community antes de Go-To-Market. Marcas como Figma, já são cases de comunidades que criaram produtos e escalaram seus clientes com a própria comunidade. Recentemente, essa empresa foi adquirida pela Adobe. A mensagem é: crie comunidades, converse com seu público-alvo, crie estratégias de engajamento, entenda o que ele quer e depois, só depois, crie produtos de valor que ele vai comprar de olhos fechados. Criar o produto certo que seu cliente pede é a estratégia de criação de negócios mais inteligente do mercado.