Há pouco tempo, em 19 de julho, a Google protagonizou uma atitude muito bem vinda na comunidade LGBTQ: mudou o algoritmo de pesquisa da palavra lésbica, que antes abria links para sites e vídeos de pornografia e agora mostra definições, informações e artigos sobre a vivência de mulheres lésbicas, priorizando a informação muito acima do ‘pornô’. Toda a mudança caracterizou uma grande vitória para o movimento que luta contra a violência e o preconceito contra elas.
Primeiramente, como funcionam os algoritmos google? Algoritmos são fórmulas responsáveis por transformar as palavras da chave de busca em resultados de pesquisa. São os algoritmos que colocam determinados sites no topo da lista e que priorizam alguns tipos de texto. Trazendo isso para o cotidiano, os algoritmos estão por trás de todas as pesquisas que fazemos e tudo aquilo que encontramos no Google. Com um resultado tão problemático na pesquisa de “lésbica”, a única direção a seguir era a mudança.
A motivação por trás da modificação no algoritmo foi uma campanha protagonizada pela conta do Twitter @SEO_lesbienne e pelo site de notícias frânces Numerama. A premissa da campanha era o fato de que, assim que pesquisada a palavra lésbica e derivadas, os resultados do Google mostravam diversos sites pôrno e imagens hiperssexualizadas dos corpos de mulheres lésbicas, enquanto a busca por ‘gay’ e ‘trans’ há muito tempo já mostrava outros conteúdos.
Com os protestos, Pandu Nayak (vice-presidente de Qualidade de Motores de Busca, do Google), reconheceu a indignação: “esses resultados são terríveis. Estamos cientes de que existem problemas como este em muitas línguas e desenvolvemos algoritmos para melhorar essa pesquisa.” E continuou “tomamos medidas para que, quando uma palavra é interpretada de maneira não pornográfica, é essa que apresentada nos resultados de busca”. Ainda foi lembrado que mesmo termos como ‘menina’ levavam ao pornô e isso foi mudado pela empresa.
Com a pornografia exercendo um papel gigantesco na violência contra lésbicas, na fetichização e objetificação de seus corpos e vidas, a mudança e desenvolvimento no algoritmo se faz essencial. Pode parecer um passo muito pequeno, mas não é insignificante. O avanço pode mudar a vida de muitas garotas que, ao ter dúvidas sobre a própria sexualidade, pesquisam ‘lésbica’ buscando informações sobre si mesmas. Pode melhorar a forma como as mulheres lésbicas são vistas na sociedade, não como um pedaço de carne, um fetiche, mas como elas são – mulheres reais com vivências reais que amam outras mulheres reais.