Provavelmente o início da produção de cerveja se dá quando o homem deixa de ser nômade e domina o plantio e manejo da agricultura e passa a cultivar diversos cereais, dentre eles a cevada.
Conhecendo o processo produtivo da cerveja, podemos concluir que a produção de cerveja surgiu acidentalmente com o esquecimento de algum grão do que se hidratou, pela chuva ou outro fato, e teve o processo fermentativo iniciado.
Muitos indícios mostram que por volta de 6.000 anos antes da era comum, com as cidades já estabelecidas a produção de cervejas já era uma atividade bem estabelecida e regulamentada, tendo a cerveja utilizada como mercadoria e moeda de troca.
A menção mais antiga que temos sobre cerveja está em uma escrita cuneiforme suméria datada de 2.800 anos antes da era comum, na Mesopotâmia, o código de Hamurabi, escrito por volta de 1772 antes da era comum, onde se descreve a distribuição de uma ração diária de cerveja e pão aos trabalhadores.
No Egito, a cerveja, ficava por conta das sacerdotisas, as quais, nos templos, preparava a bebida para cada um de seus deuses. Zyhos era o nome dado à cerveja no Egito.
Os chineses também produziam bebidas fermentadas de cereais desde as épocas mais remotas, sendo que a Samshu já era produzida há cerca de 4300 anos. Fermentada a partir do arroz, a bebida Kin também é da mesma época.
Podemos ainda citar outras bebidas do grupo de cervejas como:
- o pombe, produzida a partir do sorgo, pelos povos nativos africanos;
- a soma, a haoma, o kanji e o pchwai, produzidos pelos antigos Hindus e Persas;
- a karva, por nativos da de algumas ilhas do Pacífico;
- Oo da Tailândia;
- binuburam das Filipinas;
- torani das Índias;
- rakshi do Nepal;
- Kuva dos nativos Platinos da América do Sul;
- kwass da Rússia;
- bosa da Macedônia;
- kalja da Finlândia;
- Braga da Romênia; e
- inúmeras outras bebidas de outros povos.
Na época dos Vikings, cada família tinha sua própria vara de cerveja que eles usavam para agitar a bebida durante a produção. Estas varas de cerveja eram consideradas herança de família, porque era o uso da vara que garantia que a cerveja daria certo. Hoje em dia, sabe-se que estas varas continham uma cultura de leveduras.
Em 1.000 anos antes da era comum, o consumo de cerveja já estava consolidado entre os povos Germânicos, sendo produzidas pelas mulheres que produziam diariamente junto com o pão, já que estas tarefas eram de responsabilidade feminina em todas as culturas primitivas.
Na Idade Média, a produção europeia de cerveja ficou à cargo dos mosteiros e conventos cristãos, e isso fez com que houvesse um aumento de volume de produção, onde a cerveja já não era produzida somente para consumo próprio, mas, também para comercialização e como forma de pagamento, neste período a produção cervejeira passa ser uma atividade masculina.
Neste período se verificou empiricamente que o consumo de cerveja seria mais seguro para a saúde que a água, que transmitia diversas doenças, algumas delas fatais para a saúde.
Com o aumento do consumo da bebida, os artesãos das cidades começaram também a produzir cerveja, o que levou os poderes de públicos a se preocuparem com o hábito de se beber cerveja. As tabernas ou cervejarias eram locais onde se discutiam assuntos importantes e muitos negócios eram concluídos entre um gole e outro de cerveja.
A partir do século XII, pequenas fábricas foram surgindo nas cidades europeias e, com uma técnica mais aperfeiçoada, os cervejeiros já sabiam que a água tinha um papel determinante na qualidade da cerveja. Assim a escolha da localização da fábrica era feita em função da proximidade de fontes de água muito boa.
Com a posterior invenção de instrumentos científicos (termômetros e outros), assim como o aperfeiçoamento de novas técnicas de produção, o que se bebe hoje é um conjunto de todas as descobertas que possibilitaram o aprimoramento de uma das bebidas mais populares do mundo.
Bibliografia:
- MORADO, Ronaldo. Larousse da Cerveja, São Paulo: Larousse do Brasil 2009
- HORNSEY, Ian S. A History of Beer and Brewing: Cambridge-UK: The Royal Society of Chemistry, 2003.
- KUNZE, Wolfgang. Tecnología para Cerveceros y Malteros, Berlim: VLB 2006
- SENAI, Tecnologia Cervejeira, Rio de Janeiro: 2014
- HAMPSON, Tim. O Livro da Cerveja, Londres-UK – Editora Globo S/A.
- Hales, Steven D. – Cerveja e Filosofia, Rio de Janeiro: 2010 – Tinta Negra Bazar Editorial