O novo coronavírus afetou gravemente a região Nordeste, apresentando dia após dia números crescentes e assustadores de contaminação e morte. Atualmente, a região corresponde a 35% dos casos notificados no Brasil, representando 30% da taxa de mortalidade no país.
O isolamento social rígido tem sido adotado por algumas das cidades nordestinas mais afetadas pelo coronavírus com o objetivo de reduzir a contaminação e evitar que o sistema público de saúde entre em colapso.
A partir de pesquisas, é possível perceber a efetividade do isolamento. A Universidade Federal do Ceará, por exemplo, divulgou um estudo comprovando que o número de pessoas infectadas no estado seria muito maior se as ações de isolamento fossem tomadas um pouco mais tarde.
As tradicionais festas juninas pernambucanas em tempos de crise
Falta pouco para o início do mês de junho e, como sabemos, as festas juninas são um marco cultural e econômico para os estados do Nordeste. Em Pernambuco, o Carnaval se despede e os olhares logo se voltam para o período de comemorações com comidas de milho, fogueiras, quadrilhas e muito forró.
Em 2019, as festas que homenageiam Santo Antônio, São João e São Pedro contaram com um público de aproximadamente 2,5 milhões de pessoas somente na cidade de Caruaru (PE), injetando cerca de R$ 200 milhões nas economias locais, segundo o Ministério do Turismo.
Mas, para evitar aglomerações, as tradicionais festas de rua foram canceladas em 2020. Algumas cidades adiaram as comemorações e, pela primeira vez na história, realizarão o São João fora de época, com previsão dos festejos acontecerem ainda no fim deste ano.
Outas cidades estão tentando se adaptar para fazer o evento acontecer de forma virtual, como é o caso do São João de Caruaru. A transmissão online é uma possibilidade que já estava sendo discutida desde o início de maio, mas, até o momento, não houve nenhuma confirmação oficial de que este seria o modelo usado para fazer a festa da Capital do Forró acontecer.
Artistas locais e solidariedade
O período junino é considerado um dos mais importantes para a economia de várias cidades pernambucanas, mas, sem as festas acontecendo nas ruas, como ficam os artistas locais que sempre participam dos eventos?
Músicos de Caruaru que enfrentam dificuldade financeira neste período estão contando com a solidariedade para receber alimentos, produtos de limpeza e kits de higiene pessoal a partir da campanha SOS Músicos Caruaruenses, organizada pelo produtor cultural Alemão, da banda Cheiro de Sanfona. Para saber como ajudar, basta clicar aqui.
Os quadrilheiros também estão recebendo o carinho e ajuda da população através da campanha intitulada como Pau de Arara, que vem arrecadando alimentos e kits de higiene. A iniciativa da Federação de Quadrilhas Juninas e Similares de Pernambuco doou, até agora, mais de 200 cestas básicas para quadrilheiros da Região Metropolitana do Recife. O objetivo é arrecadar mais donativos para contemplar também outros quadrilheiros. Se quiser saber como colaborar, basta clicar aqui.
Apesar de toda a mobilização para a valorização cultural, o cancelamento ou adiamento das tradicionais festas juninas prejudica a população que trabalha direta e indiretamente durante essa época.
População trabalhadora e incertezas
Existe uma grande preocupação econômica em relação à situação dos setores que mais lucram com os festejos, como hotéis e restaurantes. Porém, existem peças fundamentais que são menos lembradas, mas também precisam de apoio: vendedores de comidas típicas, costureiras que produzem roupas juninas, motoristas que fretam viagens para cidades onde acontecem os eventos, vendedores ambulantes e várias outras categorias que mantêm viva essa manifestação cultural.
O ano de 2020 deixa um triste marco no mundo, no Brasil e no Nordeste, socialmente, economicamente e culturalmente falando. No ano em que a população não poderá se divertir nas festas de rua, grandes artistas de diversos estados do Brasil começam a organizar as agendas para iniciar lives temáticas e oferecer um pouco de música a quem ama e sempre fez parte das festas juninas.
No fim das contas, o candeeiro não apagou e o sanfoneiro não cochilou. Algumas sanfonas tiveram que parar, mas o forró segue vivo no coração do povo nordestino.
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