Dia 15/06 foi um dia triste para quem tem uma relação de amor com museus. O Museu de História Natural da Universidade Federal de Minas Gerais pegou fogo.
O fogo atingiu a reserva técnica do museu, onde ficam as coleções científicas que não estão em exposição. Infelizmente, isso acontece com mais frequência no Brasil do que gostaríamos:
Em 2010, o fogo destruiu a maior coleção científica de serpentes da América Latina e uma das maiores do mundo, no Instituto Butantan.
Depois disso, outros quatro incêndios destruíram o Memorial da América Latina, o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, o Museu da Língua Portuguesa e a Cinemateca Brasileira, para então perdermos, em setembro de 2018, uma parte significativa dos mais de 20 milhões de ítens do acervo do principal Museu de História Natural do país, o Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ), no ano em que este completava 200 anos.
Mas então, por que, enquanto cientista, eu fico tão abalada com essas notícias?
Qual a importância de um museu de história natural, além de entreter o público no final de semana e ser um lugar para levar as crianças para passear?
Um museu é, basicamente, uma instituição que busca estudar, conservar e expor objetos históricos, sendo testemunhos do mundo natural e da cultura humana. Nos museus de História Natural, como o da UFMG e o MNRJ, estes objetos são divididos em coleções de ciências naturais e humanas, como a antropologia, geologia, paleontologia, botânica e zoologia.
Tais coleções permitem que a ciência avance, através de estudos que vão desde a identificação e descrição de espécies desconhecidas pela humanidade até a elaboração de modelos computacionais complexos para se prever a resposta dos organismos frente às mudanças climáticas. Sem coleções científicas, é impossível produzir conhecimento científico de qualidade. Sendo assim, estes museus representam uma fonte inesgotável de informação e conhecimento, e são essenciais para o desenvolvimento de pesquisas científicas. Em tempos de destruição do meio ambiente e crise climática, é essencial que nós valorizemos os museus de História Natural e as coleções científicas. Porque, afinal, é preciso conhecer para pensarmos em preservar. Seja o meio ambiente, seja a cultura, seja a nossa história.
“Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado.”
Emília Viotti da Costa