Você também pode levar o Tecno Veste para qualquer lugar. Como? Baixando o nosso podcast. Já vimos neste post a diferença entre máquinas mecânicas, elétricas e eletrônicas, e como um computador transforma informação analógica em digital e o que significam bits e bytes. Tudo isso é importante para sabermos como funciona o mundo digital em que vivemos e para podermos assumir o papel de protagonistas nele.
É inegável que uma das grandes revoluções que a internet nos proporcionou nos últimos anos foi na forma como consumimos música. Até a invenção dos gravadores de som, a única opção para ter acesso a musica era ouvi-la ao vivo. Posteriormente, o Walkman (1979) e iPod (2001) criaram uma cultura de portabilidade que depois foi transculturalizada para os telefones.
Nesse meio tempo, a internet se popularizou e se globalizou. Houve um momento em que o Netscape era o navegador mais popular e que AOL era a frontpage da internet. Atualmente o que sobrou daquela época foram as gigantes e as que souberam se renovar, todo o resto deu espaço para a cada vez maior quantidade de startups de tecnologia – ver post acerca da Startapização do Empreendedorismo.
Nesse mesmo período, artistas como Mariah Carey, Whitney Houston, Céline Dion, Roxette, Aerosmith, Phil Collins, Vanilla Ice, Jon Bon Jovi viveram seus tempos áureos, e o Metallica, que era símbolo de juventude e transgressão, virou uma banda de tiozinhos mau humorados. Graças ao crescimento da população com acesso a internet e ao surgimento de novas formas de compartilhar arquivos online, serviços como o Napster – ler sobre o assunto aqui, ali e lá e acolá – mudaram a indústria fonográfica para sempre.
O Rock e as gravadoras, que por muito tempo foram, respectivamente, expoentes da transgressão das regras sociais e tinham para si resguardado a posição de harversters do suprasumo da música, perderam relevância. A simultânea ascensão do hiphop ao mainstream – com demandas mais legítimas que a rebeldia sem causa de playboys constantemente insatisfeitos com o novo presente que haviam ganhado de seus pais – e o nascimento de uma nova cultura da internet – criada por uma geração que já nasceu com acesso a computadores pessoais, criou uma nova mentalidade.
Foram lançadas as primeiras sementes do kopiminismo – ver post sobre o assunto – e uma grande variedade de jovens estavam criando a partir de seus quartos ideias, produtos e serviços com capacidade de mudar o mundo. Em grande medida, esse processo foi possível também graças às evoluções no processo de compressão da música. Novamente o epicentro dessa revolução era o Vale do Silício e seus protagonistas eram pessoas comuns que não se conformavam com o status quo e não se contentariam em reclamar em discussões de bar ou bradar ao som de uma guitarra, um baixo e uma batera.
A partir de então, ter acesso à sua música preferida não somente não dependia mais da limitação espaço-temporal, mas também a fricção do processo – meio (disco, k7, cd) e forma de aquisição – tinha sido consideravelmente eliminada – e na década seguinte a popularização de serviços de produção musical como o Autotunes e Avid também deixariam suas marcas em uma geração. Ao invés de se reinventar através do acompanhamento das demandas das novas gerações de consumidores, a indústria fonográfica preferiu tentar manter controle total do processo, ao ponto que quando quiser adaptar-se às mudanças a distribuição de música estava tão descentralizada que em 10 anos o setor perdeu cerca de 60% da sua renda.
O que faltou ao comando das grandes gravadoras – detentoras dos direitos de propriedades das criações musicais – e às estações de rádio – que sofreram em menor medida com o processo – foi o empoderamento do usuário. Isso significa que na relação comercial estabelecida entre o provedor do serviço e o usuário não deve haver lados opostos na balança de interesses, mas equilíbrio entre as necessidades comerciais da empresa e os anseios pessoais e sociais dos usuários.
Existiam basicamente duas maneiras que a modernização da distribuição da música poderia acontecer. Por um lado, as gravadoras poderiam um acordo com as startups que proviam os serviços que os usuários utilizavam – eram duas no final da década de 1990 – e transportariam usuários já cadastrados para um serviços de distribuição de música organizado, mensurável e monetizável. A outra alternativa seria as gravadoras lutarem contra o movimento que era da internet como um todo – e não de hackers isoladamente – e tentar seguir o devido processo legal para resguardar seus direitos – por tanto, negligenciando, os anseios dos consumidores. Resultado: artistas e público ficaram contra as gravadoras, o compartilhamento não autorizado continuou, produções independentes se tornaram crescentemente populares – ver post sobre música indie -, perderam 50% do market cap, o tamanho do mercado caiu de 45 bilhões para 14 bilhões, em 10 anos, e nos próximos vinte anos ainda continuarão lutando para recuperar seu prestígio e a rentabilidade em um mercado muito mais dinâmico e com mais competidores.
“Foi a primeira e a última vez na história da música em que toda a população da internet esteve agregada em um único produto. Foi um momento único na história em que se o processo de transição tivesse sido administrado corretamente, nós poderíamos ter transferido da essa base de usuários de um serviço ilegítimo para um serviço legítimo de distribuição de conteúdo – similar ao iTunes, mas sem os mesmos custos e com aspectos de redes sociais, que poderiam levar a um ainda maior volume de músicas sendo descobertas e consumidas organicamente pelas pessoas. Nós poderíamos, em verdade, ter aumentado o tamanho total do mercado da indústria fonográfica, mas ao invés disso os usuários se espalharam para uma variedade de outras redes P2P (peer to Peer) que eram descentralizadas.” – Sean Parker, co-fundador do Napster
Estamos vivendo o processo de evolução da indústria fonográfica e cinematográfica. O primeiro desafio é encontrar as técnicas mais adequadas a distribuição – rapidez, segurança, quantidade de títulos -; agora, o que o público espera é aumento na qualidade de som e imagem. Com fones de ouvido profissionais disponíveis ao público geral e fones feitos para o consumidor final atingindo preços estrondosos, cabe aos produtores de conteúdo fazer chegar aos seus consumidores os produtos que deem o máximo de utilização aos aparelhos de ouvir música.
Atualmente é possível ter a mesma qualidade de cinema no conforto da sua casa – ver post sobre TVs 4K -. Hoje em dia é possível levar com você aonde quer que vá a qualidade de uma sala de orquestra. Graças a 3 elementos ultrapassamos o Uncanny Valley da música – capacidade técnica, portabilidade e ubiquidade – e é possível que o ser humano médio tenha acesso à tecnologia de ponta a preços módicos.
Startups como a Pono cristalizam anos de experiência em engenharia de som com trabalho de desenvolvimento de um produto/serviço que supera esmagadoramente tudo o que existe no mercado consumidor em relação a qualidade de som. A infinidade de fones de ouvido que realmente entregam o que prometem – como Audio Technica ATH-M50, V-Moda Crossfade LP, Beyerdynamic Custom Pro One, Jaybird Bluebuds X, Grado SR80i, Beats by Dre – permite que com menos de R$ 400 você possa ter uma joia de tecnologia acolcoando suas orelhas. Serviços como o Tidal – rivalizando com os tradicionais Pandora, Rdio, Spotify a la Facebook x Friendster – permitem que a computação
ubíqua auxilie o usuário a ter acesso às suas canções na hora e na forma que lhe for mais conveniente.
O mercado já existe e a dificuldade técnica não é o maior desafio. Startups corajosas estão navegando por essas áreas para descobrirem não somente modelos de negócios viáveis, mas também formas de servir a seus clientes o que eles querem. O próximo passo da indústria audiovisual será como criar serviços contextualmente relevantes e confiáveis para que o usuários tenham acesso, de maneira simples, a o que de mais avançado a tecnologia pode lhes oferecer.
Você também pode levar o Tecno Veste para qualquer lugar. Como? Baixando o nosso podcast.
Quer mais informações sobre este assunto? Deixe os seus comentários e vamos interagir.
Um Comentário
Pingback: Empoderamento do Usuário | Tecnoveste
Pingback: Gif: o que é, para que serve e como funciona | Tecnoveste