A polêmica está instalada, e isso é muito bom pra podermos medir nossos hábitos, seja como consumidores ou fornecedores de serviços. Na verdade parece que tem muitas coisas no Brasil que são medidas de forma empírica (um fato que se apoia somente em experiências vividas, na observação de coisas, e não em teorias e métodos administrativos), sem racionalidade nenhuma. As discussões estão abertas, todos participando, difundindo informações, inclusive ocultas, dando opiniões, alguns chegando ao extremo, outros muito tranquilamente achando que nada vai acontecer pelo absurdo da informação, mas a verdade é uma só: a internet está incomodando muita gente, e gente grande, não são os pequenos não. Os pequenos, na realidade, agora que estão sentindo o gostinho de se poder acessar, conhecer, descobrir, ampliar, diversificar, descentralizando poder de influência.
Estamos vivendo um momento ímpar de nossa existência, o momento em que a bolha explodiu e tudo o que estava contido, retido, atingiu a todos, indiscriminadamente. Os grandes negócios se diversificaram e muitas vezes o que é vantajoso pra uns torna-se desvantajoso pra outros, só que no meio dessa briga ficou o consumidor, usuário, cidadão, a menor unidade e o maior objeto foco de todas essas organizações. O que aconteceu? Os grandes concentradores e ditadores da informação deixaram de ter o controle e isso provocou uma quebra de paradigma enorme. Encontramos hoje os mais diversos produtores de conteúdo: desde Bangu, Penha, Madureira, Olaria e outros, até Leblon, Ipanema, Lagoa, Gávea e Jardim Botânico. Todos, indiscriminadamente, todos estão consumindo e produzindo conteúdo, via internet.
Mas existe um dado a considerar que é justamente o que resulta de tanto acesso à web e aos recursos oferecidos pela internet. Todos vencendo distâncias e economizando tempo. Muitos conteúdos saindo de nossas casas para permanecerem nas “nuvens”, como os Cd´s de músicas por exemplo. Os nossos livros, nossas fotos, os filmes que vemos, tudo, tudo está indo pras “nuvens”. Para acessar esse mundo de informações, sem precisar sair de casa, sem precisar viajar a outro país, tudo isso é possível através de uma conexão considerada mínima para tal, mas que é baixa diante dos serviços prestados pelas operadoras no Brasil.
Foi gerada uma nova civilização, a civilização digital, que depende imensamente dessa conexão, por que toda a sua atividade se baseia nisso. Não temos hoje apenas palestrantes, esses palestrantes também viraram escritores, que também viraram radialistas, jornalistas, difusores de informações. O palestrante usava um aplicativo que era instalado no seu computador, que tinha um custo. Hoje esse aplicativo é encontrado em outros fornecedores de forma gratuita, mas não mais no equipamento, este aplicativo gratuito está disponível na web. O palestrante então agora depende da internet pra ter acesso ao seu conteúdo. Mas a especialização no assunto o qual expõe em suas palestras e os estudos o levaram a se dedicar a outras atividade como forma de mais uma opção de difusão do seu conhecimento, o palestrante escreve livros sobre o assunto, mas os livros estão também na nuvem, como forma de facilitar o acesso por múltiplos equipamentos, em qualquer lugar e a qualquer hora. Como uma forma de poder expressar melhor o seu conteúdo o palestrante passou a disponibilizar vídeos, que grava em casa, com seus parcos recursos multimídia, mas que são suficientes pra produzir um conteúdo em vídeo da mais alta qualidade.
É só isso? Não, claro que não. Os meios, ou mídias digitais, de atingimento em massa são diversos, temos: as de comunicação (blogs, microblogs, redes sociais e eventos), multimídia (fotos, vídeos, livecasting e áudio), entretenimento (mundos virtuais e jogos online), colaborativas (wikis, bookmarkings, crowdsourcings e sites de opinião), etc. Imagine o volume de conteúdo suportado por todas essas mídias, atingindo o mundo inteiro, em todas as línguas, em multiformatos… na “nuvem”.
Os grandes concentradores de informação e formadores de opinião diluíram e surgiram milhares, milhões de pessoas comuns que se colocaram no mercado de forma natural, avassaladoramente rápida, como novos ídolos, fazendo outros surgirem de forma cíclica e em constante mudança a uma velocidade incontrolável. Isso faz crescer vertiginosamente o volume de informações geradas, tornando necessária mais e mais “nuvem” pra abarcar tantos conteúdos.
A internet se tornou um meio para o qual todas as outras mídias convergiram: a televisão, o rádio, o telegrafo, o fax, o cinema, o próprio telefone, os impressos e muitos outros. Aplicativos substituem funções que antes aconteciam em meios e formatos diferentes. A substituição do SMS pelo whatsapp é uma ilustração bastante clara sobre essa mudança e evolução. A substituição da Tv a Cabo pela transmissão de vídeo streaming, como é o caso do NetFlix, também nos faz perceber a mudança drástica. Isso é que tem provocado nas operadoras de internet no Brasil as tentativas de mudanças no sentido de restringir o uso da internet, que pode promover o maior caos na web brasileira. As assinaturas de Tv a Cabo estão caindo rapidamente, com tendência a acabar, claro, isso é natural como resultado da evolução tecnológica.
A legislação do setor diz o seguinte:
“O art. 63. do Regulamento do Serviço de Comunicação Multimídia (banda larga fixa) prevê que o estabelecimento de franquias é possível e que a redução da velocidade é uma alternativa para a continuidade do serviço, caso o usuário não deseje efetuar pagamento adicional pelo consumo excedente. In verbis:
Art. 63. O Plano de Serviço deve conter, no mínimo, as seguintes características:
I – velocidade máxima , tanto de download quanto de upload, disponível no endereço contratado, para os fluxos de comunicação originado e terminado no terminal do Assinante, respeitados os critérios estabelecidos em regulamentação específica;
II – valor da mensalidade e critérios de cobrança; e,
III – franquia de consumo, quando aplicável.”
Ou seja, está previsto. É legal. E segue:
“1º O Plano de Serviço que contemplar franquia de consumo deve assegurar ao Assinante, após o consumo integral da franquia contratada, a continuidade da prestação do serviço, mediante:
I – pagamento adicional pelo consumo excedente, mantidas as demais condições de prestação do serviço; ou,
II – redução da velocidade contratada, sem cobrança adicional pelo consumo excedente.”
Oi:
“A Oi informa que atualmente não pratica redução de velocidade ou interrupção da navegação após o fim da franquia de dados de seus clientes de banda larga fixa. O serviço de banda larga da Oi possui um limite de consumo de dados mensal, proporcional à velocidade contratada e informado no regulamento da oferta.”
Vivo:
“A mudança no modelo de cobrança nada interfere nos contratos dos clientes (ADSL) que compraram o serviço até 04/02/16 e para os usuários do Vivo Fibra até 01/04/16. Para esses usuários, a internet continuará ilimitada, como acontece hoje, mesmo após a data de 31/12/16. O novo modelo de cobrança será implementado a partir de janeiro de 2017 e apenas para os usuários com contratos firmados a partir de 5/2/16 e 2/4/16.”
(…) Assim, promocionalmente, não haverá cobrança pelo excedente do uso de dados até 31 de dezembro de 2016. À medida que isto vier a ocorrer no futuro, a empresa fará um trabalho prévio educativo, por meio de ferramentas adequadas, para que o cliente possa aferir o seu consumo
A franquia de consumo de dados de internet fixa já é praticada hoje por alguns dos principais players de banda larga fixa.”.
Net:
“A NET informa que não houve qualquer alteração recente nas políticas e características de seus planos de banda larga. Desde o lançamento do serviço, a franquia está prevista em contrato” (Telecom Americas – Claro, NET, Embratel)
O serviço pode ser acompanhado através da seção Minha Net, no site www.net.com.br. Com a franquia, a NET consegue dimensionar adequadamente sua rede e oferecer a seus clientes sempre as maiores velocidades e os melhores preços.”
E agora?
Os planos da Vivo de 15 Mb custa R$ 75,90 e uma franquia de 120 MB. Nos planos da Net, os mesmos 15 MB, custam R$ 30,00 e uma franquia de 80 MB. Os planos da Oi os 15 MB custam R$ 74,90 e franquia de 100 GB. Vai ficar mais ou menos assim, lembrando que é uma estimativa, principalmente por que cada formato de vídeo e codificado de forma diferente.
Já deu pra perceber que o novo formato de prestação do serviço só vem pra afetar negativamente não só o nosso lazer, afinal tudo é feito pela internet. Inscrições em concurso público, acesso aos serviços públicos exclusivamente pela internet, cursos caríssimos à distância, principalmente os contínuos, como as faculdades e os cursos á distancia, vídeos conferências ficariam impraticáveis, limitando o crescimento econômico e o desenvolvimento educacional
As gigantes da web, como Facebook, Google e Youtube ainda não se pronunciaram sobre o fato. Como lá fora elas são as maiores incentivadoras da internet livre e do acesso, com certeza em algum momento, logo logo estarão fazendo suas considerações.
As operadoras estão acordadas em um discurso combinado de que a mudança vai ser melhor pra todos os usuários, por que permitirá um equilíbrio, onde se cobrará mais pra quem usa mais e menos pra quem usa menos. Mas o que existe mesmo é uma universalização do uso intenso de vídeos, por ser o melhor meio de comunicação, uso intenso de áudio, proliferação de podcasts e vídeocasts, tornando-se padrão o uso desses formatos.
É preciso prestar atenção sobre o que verdadeiramente deve ser dimensionado. Não é a quantidade do tráfego, mas a velocidade, não existe o limite de pacote de dados. Limitar é antes de mais nada uma decisão unilateral como forma de mascarar um meio de compensar as perdas em outros serviços, as Tvs a Cabo, por exemplo. Uma outra observação que deve ser feita é por que as operadoras vendem TV a Cabo? Esse servição não era inerente à elas,mas passaram a comercializar. Agora que a tecnologia muda os hábitos, depois de tantos anos se beneficiando de uma exclusividade, agora querem penalizar os cidadãos brasileiros?
O que podemos fazer? Inicialmente expressarmos nossa indignação através de petições digitais públicas. Como o do Avaaz, abaixo (clique na imagem), que já está em quase 2 milhões de assinaturas coletadas:
Outra forma é engajar ações nas redes sociais, como Facebook, o Movimento Internet Sem Limites, clique na imagem abaixo e dê um like e comaprtilhe:
Outra coisa que pode ser que dê certo é você enviar e-mail pros Deputados Federais e fazer suas argumentações. Aconselho a ler bastante sobre o assunto e entender, baixar o seu contrato com a sua provedora de internet e ler, pra fazer um bom embasamento. Quando digo que pode dar certo é por que não nos é garantido que eles acessem e lêem e-mails. Clique na imagem abaixo pra baixar a lista em excel dos e-mails.
Ou pode usar, com responsabilidade, a ferramenta de envio automático de e-mail disponibilizada pelo site Excelências, Transparência Brasil, basta clicar na imagem abaixo:
As operadoras no Brasil, como todos os demais empresários, precisam repensar sua forma de fazer negócios, que não é da mesma forma que se fazia há 30 anos atrás. Outra observação que deve ser feita para as operadoras e seus gestores: há anos elas oferecem os mesmos serviços, só sendo impulsionadas, forçosamente, pela evolução que as puxam, sem nenhum tipo de projeto de expansão ou melhorias ou até mesmo mudanças nos serviços, melhorias que deveriam ser naturais em negócios que procuram se manter competitivase principalmente por se tratar de um negócio que sofre intensas melhorias e baixos custos.
Conte-nos a sua experiência, fale-nos sobre os problemas encontrados na sua operadora, por quais operadoras você já passou, e outras informações que podem nos dar uma visão sobre como está o caos instalado nas operadoras brasileiras.
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