De tempos em tempos, surge algo que viraliza extremamente fácil e extremamente rápido. Atualmente, este é o caso do Lomotif, um aplicativo de edição, no qual se criam pequenos filmes (que possuem até 30 segundos) de sequências de fotos e vídeos da galeria do usuário. É muito comum ver esses filmes (chamados de lomotifs, tal como o próprio aplicativo) protagonizados por adolescentes e jovens adultos, postadas nas mais diversas redes sociais.
O aplicativo foi co-fundado em 2014, em Cingapura, por Paul Yang e Loh Xiu Hui, com a ajuda do indiano Deepak Sharma (encarredado das questôes tecnológicas) e a posterior contribuição de Casey Law (engenheiro de software), e nasceu do amor dos quatro pela edição; o objetivo desde o começo era facilitar a criação de vídeos para celebrar a vida em todo o mundo. O Lomotif nasceu assim, entre chamadas de Skype, mensagens e e-mails, com um nome vindo da junção de ‘motif’ – padrões recorrentes de música – e ‘lo-fi’, que se refere a baixa qualidade de vídeos gravados pelo celular.
Os principais investidores foram a StartX, provedora de uma plataforma para desenvolvimento de empreendedores, a TNF Ventures, aceleradora com base em Cingapura e atuante nos setores de mídia e telecomunicação e a China Creation Ventures, empresa de investimento focada nos estágios iniciais e de crescimento de novas tecnologias e opções de entretenimento. Desde os primeiros anos, tanto a equipe quanto os investidores cresceram para tornar um simples aplicativo de edição em uma febre mundial.
Mas afinal, qual a graça? Como o Lomotif se tornou tão atraente? O que o torna diferente das outras dezenas de editores e aplicativos de filmagem, como o Musical.ly e o TikTok? Talvez seja a facilidade de criação – suas ferramentas são utilizadas rapidamente mesmo por aqueles que nunca tiveram contato com elas – ou a opção de adicionar uma música como trilha sonora do filme, seja qual for a preferência – a seleção de músicas conta com os tops mundiais e com centenas de artistas, completamente a disposição.
Ou ainda seja o fato de que o Lomotif não funciona apenas como editor, mas também como sua própria rede social, onde os usuários podem compartilhar seus vídeos, curtir publicações e acompanhar pessoas de seu interesse. E além, os clipes e fotos podem ser editados com textos e adesivos, efeitos (como zoom e mixagem), trocados de ordem, cortados e aumentados (é possível deixar uma foto mais “demorada” que outra, colocando-a em foco, por exemplo).
Seja qual for o motivo, em redes como o Instagram e o Twitter seus vídeos fazem um sucesso estrondoso. Filmes com temática de festas, de shows, de viagens, de aniversários, é possível fazer de tudo no Lomotif. Até filmes de transição são vistos, seja passagem de tempo (da infância para a adolescência), seja mudanças de aparência. Baixando o Lomotif, se tem um universo de possibilidades – e para isso, não é preciso nem um cadastro (que só é pedido em caso de compartilhamento das criações).
Para usar o aplicativo, basta baixá-lo, abri-lo e clicar no botão de ‘+’, que te redireciona para a seleção de fotos e vídeos, tanto do próprio aparelho quanto da biblioteca do aplicativo (para acessá-la, é só tocar em ‘Motif’), além de possuir a opção para escolher arquivos do Instagram. Na próxima tela estão as músicas, clicando em ‘Encontrar músicas’ é só buscar a que agrade mais (ou pode-se escolher uma do próprio celular), e seguir para a edição propriamente dita. Tocando nas fotos e vídeos separadamente, é possível excluí-los (lixeira), recortá-los (tesoura) , duplicá-los (+) e movê-los para posições mais convenientes; logo abaixo estão as opções para adicionar figurinhas e efeitos, mudar o tempo do filme e reposicionar o início da música escolhida. Ao fim da edição, é só clicar no botão de download e compartilhá-lo nas redes sociais. Voilà, tem-se um lomotif.
Tudo funciona da maneira como o usuário preferir, o que cria vídeos para absolutamente todos os momentos. É uma moda muito provavelmente passageira (como tantas que vieram antes, e virão depois), mas que está bombando há algum tempo e promete continuar por mais um pouco. E para além do funcionamento, é válido pesar as consequências de tanta popularidade. É realmente bom expor tanto da vida dos jovens? Abrir espaço para filmes um pouco mais do que inocentes?
Afinal de contas, entre tantos lomotifs perfeitamente interessantes, também se encontram aqueles em que os limites são todos extrapolados. Pensar a fundo, através das maravilhas da primeira vista, é essencial. A grande pergunta é: qual será o próximo Lomotif?