O lúpulo, planta responsável pelo amargor da cerveja, é a paixão de muitos cervejeiros, no entanto, ele nem sempre fez parte da produção de cerveja, cujos primeiros registros de seu uso aparecem na Idade Média.
A primeira referência à cerveja fermentada com lúpulo data do ano de 822, de um monastério às margens do rio Wesser, na Alemanha, que ao levar o lúpulo à bebida, a intenção era apenas a de conservar a cerveja por mais tempo.
O Lúpulo, também chamada de pé-de-galo é uma liana, ou seja, plantas cipós e trepadeiras que são do grupo de plantas que germinam no solo e mantêm-se enraizadas no solo durante toda sua vida.
São da espécie Humulus Lupulus, da família Cannabaceae, nativa da Europa, Ásia ocidental e América do Norte. É uma planta dioicia, ou seja, na os sexos se encontram separados em indivíduos diferentes, sendo que na cervejaria utilizamos a planta do sexo feminino.
A planta é perene, herbácea, que cresce brotos no início da primavera e definha como um rizoma endurecido que é um caule que cresce horizontalmente que pode ter porções aéreas deste caule.
E exatamente por esse amargor, hoje tão apreciado por uma parcela dos degustadores, o lúpulo demorou agradar os consumidores da época. Apesar dessa resistência, no ano de 1400, o lúpulo já era bastante difundido entre as cervejarias alemãs.
Durante o século XV, ele se tornou o mais popular conservante e aromatizante de bebidas do Reino Unido. Isso fez com que a incidência do uso de outros aromatizantes, como o mel, frutas, canela e gengibre diminuíssem.
O que muitos não sabem é que a utilização desta planta varia de acordo com o estilo da cerveja produzida, já que a quantidade e as características do lúpulo utilizado alteram o paladar e o aroma da cerveja.
Os componentes mais importantes desta planta para o processo cervejeiro são os óleos essenciais, os polifenóis e as resinas, e estes componentes variam diante das variedades encontradas no mercado.
International Bitterness Units é uma escala normativa de amargor utilizada como referência na fabricação e classificação de vários tipos de bebida. Encontramos no mercado cervejas das mais suaves às mais amargas, mas, a partir dos 100 ou 120 IBU a diferença passa a não ser mais percebida em nosso paladar.
O fato é que uma cerveja com doses altas de maltes, principalmente os especiais, tende a esconder altos índices de IBU. Além da intensidade do amargor existe a qualidade deste amargor, e aí entra o toque do cervejeiro para encontrar o ponto de equilíbrio para cada criação e cada estilo.
Para exemplificar vamos ver as taxas de amargor de alguns estilos, conforme indicado no guia BJCP (Beer Judge Certification Program):
- Pilsen: 8-18 IBU
- IPA: 40 – 60 IBU
- Weiss (trigo): 8 – 15 IBU
Curiosidades
Pode ser fatal para cães e gatos. O contato não é comum, mas para quem produz cerveja em casa, vale a pena informar. O lúpulo jamais deve ser ingerido por seu cão ou gato, pois é altamente tóxico para eles, provocando ataque epilético, problemas no coração e pode até causar a morte.
O Lúpulo é parente da maconha, pertencem à mesma família, a Cannabaceae, porém, o lúpulo não tem propriedades alucinógenas em nenhuma forma de consumo.
De acordo com Bill Laws em seu livro “50 plantas que mudaram o rumo da história”, no século XXI, uma garrafa de ale e uma garrafa de cerveja são vistas como a mesma coisa, entretanto, no século XII a ale era produzida sem adição de lúpulo, diferentemente da cerveja. Foi a adição das flores de lúpulo ao processo cervejeiro que fez com que a ale fosse transformada em cerveja.
Bibliografia:
- HORNSEY, Ian S. A History of Beer and Brewing: Cambridge-UK: The Royal Society of Chemistry, 2003.
- KUNZE, Wolfgang. Tecnología para Cerveceros y Malteros, Berlim: VLB 2006
- SENAI, Tecnologia Cervejeira, Rio de Janeiro: 2014
- HAMPSON, Tim. O Livro da Cerveja, Londres-UK – Editora Globo S/A.
- HIERONYMUS, Stan. – Lúpulo, Belo Horizonte: 2020 – Editora Krater