Sua trajetória foi meteórica. Nascida Norma em 1926, em Los Angeles e morta Marilyn em 1962, Marilyn Monroe. Trata-se de um dos maiores símbolos sexuais da história do Ocidente, imortalizada em obras como “Quanto mais quente melhor”, “Os homens preferem as loiras” e “Adorável pecadora”. Uma mulher que marcou uma geração – apesar de ser vista por alguns como egoísta, uma atriz limitada e uma mulher que conquistava seus objetivos com a sedução de seu corpo. Tudo isso potencializou o patamar de estrela. Foi dona de uma biografia recheada de pormenores, como seu romance com o então casado e presidente estadunidense John Kennedy (assassinado em 1963). Marilyn, segundo alguns historiadores, era viciada em remédios para dormir e foi vitimada por uma overdose no dia 4 de agosto de 1962.
Em 2007, o mito vem à tona com novas poses, 45 anos depois de sua trágica despedida. O fotógrafo Bert Stern é o autor das 62 fotografias. Fotografias de uma era sem “photoshop”, sem máscaras cibernéticas, sem softwares. Fotos que revelaram em seu abdômen uma imperfeição gerada por uma traição fisiológica: uma cicatriz.
As fotos divulgadas foram feitas semanas depois de uma cirurgia para retirada de vesícula. Um talho bem nítido no seu lado direito passou a conviver com toda a beleza que lhe aflorava. Qual a necessidade dessa mutilação?
A vesícula biliar é um órgão em forma de pera que se encontra debaixo do fígado. Sua função é armazenar a bílis (ou bile). Apenas armazenar. Muitas pessoas atribuem-lhe a função de fabricar essa secreção digestiva o que não é verdade. São os hepatócitos, células do fígado, que produzem-na.
A bílis é constituída de sais derivados de colesterol: chamam-se de sais biliares. Essas moléculas possuem a capacidade de serem polares em uma extremidade e apolar na outra – são anfipáticas. Assim, atuam como um detergente, na altura do duodeno, onde é lançada, auxiliando na dissolução de óleos e gorduras. Vestibulandos de plantão, cuidado! Não há enzimas na bílis, portanto ela não digere lipídios, apenas facilita a ação das lipases.
Outra função interessante da bílis pouco divulgada é a possibilidade de eliminar colesterol em excesso no corpo. Essa ação é preventiva para futuros problemas na circulação pois o colesterol pode acumular perigosamente nos vasos sanguíneos ocasionado-lhes obstrução.
Pedra (ou cálculo) nos rins é assunto conhecido. Pedra na vesícula é menos comum. É também chamada de cálculo biliar. É mais em comum em mulheres, acima dos 40 anos e obesas (Quase nada combinando com a musa dos anos 50!). Em 80% dos casos, as pedras são cristais de colesterol. Formam-se devido a uma supersaturação dele na bílis. Essa formação deve-se a uma absorção excessiva de água pela vesícula aliada com a abundância de colesterol. As pedras podem obstruir a saída da bílis, aumentando a pressão interna na vesícula ocasionando-lhe inchaço e dor abaixo das costelas. Hoje, há drogas que são capazes de dissolver. A cirurgia laparoscópica é a mais utilizada hoje para a remoção. O laparoscópio é um aparelho com fibra óptica e associado a uma câmera introduzido no abdômen (depois que essa parte do corpo é inflada com CO2). São feitas pequenas incisões de poucos centímetros. Durante o procedimento, a vesícula é removida por um tubo.
Mas, meus amigos, na época de Monroe, no início da década de 1960, a solução era mais invasiva e deixou uma sequela nítida. Nada que arranhe a imagem eterna de um dos maiores ícones da história do cinema ocidental.