Sinopse: Uma mulher tenta encontrar uma cuidadora para o seu pai de 80 anos, porém ele rejeita que cuidem dele, ao mesmo tempo que desconfia que estão arquitetando um plano para tomarem seu apartamento.
Em toda história do cinema passaram atores e atrizes sensacionais, mas poucos tiveram a estabilidade de Anthony Hopkins, que aos 83 anos continua demonstrando uma enorme dedicação e amor pela arte.
O diretor Florian Zeller, mesmo discreto na superfície, é cirúrgico em sua abordagem ao nos colocar na cabeça de seu protagonista, com isso podemos ter uma maior noção de seus sentimentos, portanto quando ele está confuso nós ficamos confusos também, um exemplo de como essa visão de dentro para fora funciona, é logo do início quando se ouve um música de fundo e quando ele é apresentado, se nota que está sendo escutada pelo seu fone.
O roteiro é altamente profundo, ao explorar a solidão e fragilidade causada pela idade e isso torna o filme bem triste, porém sem o uso da manipulação emocional, o que comove é o acumulado de causas, com isso, para quando chegar em sua consequência, já estarmos rendidos. O uso da música clássica é pontual ao relatar a melancolia da situação, sem o uso de diálogos. A edição é super objetiva, com excessão de uma cena imaginativa desnecessária, o filme não tem barriga para queimar, sua narrativa se desenvolve com a bastante fluidez, algo bem incomum em dramas.
O Óscar de Melhor Ator provavelmente vai para Chadwick como homenagem, porém apesar do citado ter sido incrível, não supera a atuação de Anthony Hopkins aqui, que atuação sincera, mesmo demonstrando inúmeros defeitos, ele nos faz sentir a vontade de querer abraçá-lo de 5 em 5 minutos, digo sem medo de errar que é uma das melhores interpretações de sua carreira, que não é pouco se falando de um dos maiores atores vivos que temos. Olivia Colman também está excelente ela diz muito no olhar, consegui sentir empatia por ela, mesmo não concordando com todas suas atitudes. Imogen Poots e Olivia Willians, trazem uma presença acalentadora ao filme, sobre cuidado e amor ao próximo.
“Meu Pai” vai partir o seu coração, mas é uma experiência que não deve ser perdida. O melhor filme de 2020.
Critica: Pablo Regis (@pablo96regis)