Só de ler duas palavras quase completamente opostas quanto minimalismo e consumismo já parece criar um conflito entre as duas; não faz sentido a primeira vista que elas, na verdade, possam andar juntas e é completamente compreensível tal confusão. De um lado está a moda, do outro a necessidade cada vez mais urgente de um estilo de vida sustentável. O consumismo está tão atrelado à compra de roupas que automaticamente se pensa nele ao pensar em pessoas muito antenadas, que sempre parecem vestir o que aparece na mídia, e isso vai contra o minimalismo necessário para uma vida saudável e sem muitos exageros.
Não se apavore: embora a moda, aliada ao mercado capitalista, basicamente imponha uma certa compra desenfreada, esta não é estritamente necessária para se vestir bem, muito menos para gostar de seguir as tendências de acordo com o surgimento delas. Apesar do que parece, é sim possível ser consciente e ainda assim estar na moda, com looks diversos e cada um composto por peças que se complementam perfeitamente. Para tanto, basta escolher peças chave, aquelas com as quais pode se contar sempre para formar um visual bem equilibrado. Um dos segredos é se livrar daquelas roupas que ficam mofando no armário por falta de uso, por mais bonita e amada ela seja, pois o volume extra realmente é isto: extra. São as roupas que usamos mais que devem permanecer, não aquelas que pedem ocasiões extremamente específicas ou que possuem muito valor sentimental e nenhum prático. Se forçar a não comprar nada além do necessário também é o ideal: tudo aquilo de que não se precisa (e ênfase no precisa, você pode querer algo, mas necessidade é muito diferente de desejo) não deve ser levado para casa.
Os melhores visuais não nascem de escolhas muito espalhafatosas, peças únicas, nem nada disso. Algo simples e do dia a dia faz total diferença se pensado com cuidado e de formas diferentes a cada nova ocasião. O importante está nos detalhes, nas formas de vestir um mesmo acessório, na dedicação que se coloca nas escolhas. Não é preciso um guarda-roupa abarrotado de quinhentas peças para se viver bem e se vestir bem.
O minimalismo não é inimigo da moda, nem seu. É algo a que todo cidadão deveria se ater, mesmo que o próprio sistema em que vivemos vá contra isso. Afinal de contas, o planeta não está aguentando o ritmo que impomos a ele; cada vez mais se escasseiam os recursos e a produção não para. Ou seja, somos nós que devemos fazer isso. Minimalizar nosso consumo, não só na moda, mas na vida.