Escutei falar pela primeira vez do mandril em uma música do grupo Blitz, lá nos anos 80:
“Só que um dia Eva sorriu
Para um macaco mandril
Adão montou numa zebra
E se mandou pro Brasil”
O mandril é uma espécie de macaco que vive na África Central, em países como Camarões e Congo. São macacos de porte médio, atingindo 1 metro e podendo viver até 25 anos na natureza e 40 anos no cativeiro. Vivem em bandos nas florestas tropicais e são conhecidos por uma particularidade: um bumbum multicolorido!
As cores são determinantes para a organização hierárquica dos bandos de mandris. E detalhe: essas cores só ocorrem nos machos. O desenvolvimento das cores parece estar ligado à testosterona. Além disso, a questão das cores define a estratificação de quem manda sexualmente no grupo. Quanto mais colorido, maior é a paternidade do mandril. O chamado macho alfa tem até 70% de paternidade no bando e é o mais colorido de todos. Pode parecer pouco, mas há grupos formados por mais de 1.000 indivíduos. Aliás, depois dos seres humanos, são os primatas com maior grupo da mesma espécie já visualizado. Os jovens têm bumbuns incolores, assim como as fêmeas.
Mas para quê serve um bumbum cheio de cores?
A presença de cores extravagantes, em um floresta quase sempre verde, de fato chama muita a atenção. Quando isso acontece na natureza, muitos animais se garantem porque são tóxicos; neste caso, as cores seriam uma advertência para os inimigos. Mas não é o caso dos mandris. Cores poderiam ao contrário significar chamar a atenção gratuitamente de predadores, mas é por isso que elas não são predominantemente frontais, ficando outrossim nas nádegas desses macacos. Poderia ser para chamar a atenção das fêmeas, mas na verdade a tese é de que chama a atenção de todo o grupo! Sim! O traseiro colorido guia todos os movimentos do bando, como um totem organizando a peregrinação. Dessa forma, o grande macho vai na frente do grupo, atraindo os olhares obedientes, sinalizando todos com suas cores carnavalescas, o bloco seguindo, sem perder o compasso, desfilando pela selva com seu abre-alas exclamativo.
Foi aí a inspiração da Blitz: até Eva rendeu sua atenção !