A primeira coisa que gostaria de ressaltar é a presença sensacional de Jô Soares nesse longa.
Introdução
“O homem do Sputnik” faz referência ao programa de satélites soviéticos lançados no espaço. Feito a apresentação do objeto principal da trama, vamos discorrer sobre o filme. Um protagonista da roça tem seu galinheiro destruído por um satélite, que logo descobre ser parte do Projeto Sputnik, sabendo de sua procedência, Anastácio vê a oportunidade de ascender financeiramente e desfrutar do mundo fora do interior, sua mulher Cleci também atiça essa ambição, eles encontram um jornalista que os ajuda, em troca de furo jornalístico. Durante a história há a presença de personagens internacionais (Russos, Norte-americanos, franceses) atrás de seus interesses acerca do satélite.
A trama segue uma narrativa clássica e traz personagens característicos da chanchada, funciona muito bem. No início eu citei sobre a presença de Jô, mas praticamente todos os atores/atrizes estão deslumbrantes, suas atuações remetem a uma paródia e desapego que o gênero cobra. O único fator que não prejudica tanto, mas tira o espectador de sua imersão é a linguagem proferida nas falas, por exemplo, fica estranho ver Anastácio dizendo coisas teatralmente, quase formal, por todo aquele contexto onde vive.
Direção
Carlos Manga tem uma sensibilidade na hora de trazer diferentes realidades que quando realiza um filme desses, parece mais um documentário, você consegue identificar pessoas do seu cotidiano na caricatura dos personagens e é incrível comentar isso, pois estou escrevendo esse texto no século 21, quase 60 anos após o lançamento da obra. Na hora que tem as cenas de como os gringos enxergam o Brasil é espetacular, eu não fico ofendido, acho graça, porque é um estereótipo que temos deles estereotipando a gente.
Na construção fílmica, Manga abusa das técnicas estrangeiras no que se refere ao movimento de câmera, giros, aproximação, movimentos laterais e muito mais, essa dinâmica valoriza o que está sendo transmitido.
Ver “O homem do Sputnik” é uma aula de chanchada, saber da estrutura é primordial para conhecer a história do cinema brasileiro que infelizmente muitos não têm acesso. Dei boas risadas dessa obra que sobrevive ao tempo com críticas vivas e válidas até o dado momento.