Orbis uma startup que criou um aplicativo de geolocalização que funciona como uma bússola social para que você encontre sua tribo e conheça os lugares com o jeitinho que vocês vão gostar. Fundada por Felipe Pires e Anna Timoshenko, a Orbis nasceu para facilitar que as pessoas possam encontrar grupos de interesse on-line e consigam localizá-los no mapa, para que, finalmente, consigam se encontrar presencialmente.
Ao mapear os grupos de interesse e tribos sociais de uma cidade ou região que estão próximas ao usuário, a startup de Pires e Timoshenko resolve um problema imediato – qual seja, o de otimizar o tempo para encontrar com pessoas que são relevantes para você – e prepara o terreno para os desafios do futuro da nossa sociedade, que por ser cada vez mais conectada, tem seus laços humanos e gregários enfraquecidos.
Inspirado no famoso mapa de 1570 do cartógrafo holandês Abraham Ortelius, chamado “Theatrum Orbis Terrarum”, o nome da rede social e e do app de geolocalização surgiu: Orbis. O grande atrativo dos mapas da era do descobrimento (séculos XV e XVI) é o fato deles não terem o mundo totalmente mapeado, dando espaço assim para imaginação, lendas e mitos.
O Orbis é uma forma divertida e dinâmica de mapeamento que permite o usuário navegar na sua região com o conhecimento de que tipo de tribos sociais frequentam os lugares à sua volta. Orbis é ma rede social de geolocalização para o mapeamento das tribos urbanas que você não sabia que precisava. Baixe gratuitamente na Google Play Store.
Fizemos uma entrevista com Felipe, um empreendedor digital e cartografo amador, que por muitos anos administrou fóruns online muito ativos de cartografia amadora.
1. Qual é a dor que a Orbis resolve? Como ela é diferente do Foursquare/Swarm & Yelp/Google e o que tem para oferecer aos usuários?
O surgimento de comunidades on-line como sites de mídias sociais e fóruns na web se tornaram a melhor maneira de mobilizar grupos, organizar eventos e conectar pessoas com interesses semelhantes e criou um novo jeito de formação de comunidade moderna. Para a geração Z e milennial (13-45 anos), o principal senso de comunidade agora está online. Muitas pessoas não vivem mais em comunidades reais; em vez disso, eles chamam as comunidades digitais de lar. Mas quando se trata de encontrar comunidades on-line que correspondam aos seus interesses próximos ao seu bairro, não há uma ferramenta de mídia social que permita que as pessoas criem ou participem de grupos de interesse e as marquem no mapa. É um segredo aberto que cada cidade ou região contém pessoas das mais variadas origens e tipos de personalidade.
Todos os nossos concorrentes potenciais focam na busca local ou na avaliação de serviços (como revisão da qualidade de atendimento de restaurantes) ou organizam eventos como parte de sua solução, mas não existe nada como o Orbis, que oferece mapeamento social coletivo de comunidades baseadas em interesses em uma cidade ou região, competindo entre si por território e lugares de uma maneira divertida e gamificada. O Orbis oferece um mapa visual das tribos sociais da cidade, onde os usuários podem criar ou participar de grupos, bem como fazer check-in em locais e marcá-los com símbolos de vários grupos em um mapa que divide estranhos em grupos semelhantes. Criando assim um guia da cidade dinâmico e interativo, uma proposta muito inovadora completamente diferente do que nossos concorrentes indiretos oferecem. A maior novidade em termos de usabilidade é que o tamanho dos círculos dos grupos pode aumentar ou diminuir dependendo da quantidade de check-ins em estabelecimentos comerciais e locais de congregações urbanas que permitem aos usuários competir entre si e conquistar território dando ao Orbis um aspecto de gamificação.
Em suma no Foursquare/Swarm você vira o prefeito de um estabelecimento se você é a pessoa que mais faz check-in lá. Mas no Orbis, você “conquista” esse lugar em nome de um grupo, assim criando um banco de dados coletivo e social e não individualista. Em relação ao Yelp/Google Places a grande diferença é que o Orbis permite aos usuários não só escreverem no mural do estabelecimento e avaliam a qualidade do serviço, mas marquem o lugar/estabelecimento com o tipo de personalidade do tipo de pessoa que lá frequenta.
2. Quando surgiu a ideia e quem faz parte do time?
A ideia surgiu de uma longa paixão por mapas e cartografia e na crença também compartilhada pelo psiquiatra austríaco Carl Jung de que existe um subconsciente coletivo. Eu (Felipe Pires), assíduo frequentador de fóruns de mapa na internet onde usuários postam mapa e discutem suas peculiaridades. Muito inspirado pelo mapa “Orbis Terrarum” de 1570, do cartógrafo Holandês Abraham Ortelius, que foi considerado o primeiro atlas mundial, nós tivemos a ideia de criar um mapa do desconhecido moderno tipificado pela rica cultura de tribos de personalidade urbana que permeiam nossa sociedade. Dá surgiu o Orbis. Uma rede geo-social para marcação de território das tribos urbanas. Um atlas moderno do mapa até então desconhecido da sociedade.
Faz parte do time, Anna Timoshenko. Engenheira de Software Russa formada na Universidade de Moscou especializada em SEO profundo e web.
3. Você já participaram de demoday, competição de startups ou rodadas de investimentos?
Sim, nós somos ganhadores do programa Startup Rio e do Startup Brasil. Sendo a única startup à ganhar tanto o prêmio estadual quanto nacional.
4. Quantos usuários ativos a plataforma tem e quais são as perspectivas de crescimento para os próximos 5 anos?
O aplicativo para Android foi lançado em 16 de dezembro de 2018, conseguimos obter 643 usuários ativos de um total de ~3410 downloads orgânicos não-pagos. Temos 16,6% de retenção de uso após 30 dias. A média de novos aplicativos bem-sucedidos é de 15%. Também obtemos 34% de taxa de retenção de instalação, ou seja, mais de 1 em 3 pessoas que baixam o app ainda tem o app no celular depois de 30 dias. A média da indústria de apps é que 95% dos aplicativos são deletados nos primeiros 30 dias.
A principal localização desses usuários é o Brasil (69%), seguido pelos EUA (9%) e pela América do Sul (8%), com 77% do sexo masculino, com idade entre 13 e 34 anos (61%). Estamos crescendo constantemente a quantidade de instalações, pois estamos recebendo novos usuários diariamente,entre 30 a 50 downloads por dia. Todos esses usuários baixaram o aplicativo organicamente e nós não gastamos nada em marketing pago até agora.
Em relação ao conteúdo gerado pelos usuários, 282 grupos foram criados e 3783 postagens foram geradas por usuários que incluem conteúdo de mídia (como fotos, texto e vídeos) e check-ins. Além disso, estabelecemos relacionamentos com administradores de grupos populares do Facebook no Brasil, como Adoção de animais, amantes de música, fãs de clubes de futebol, grupos expatriados, grupos de turismo pela cidade e etc. Essas parcerias nos permitiram divulgar o Orbis em suas redes sociais e atrair mais usuários.
Nesse momento estamos conseguindo 30-50 downloads por dia sem usar qualquer marketing pago. Durante os próximos meses, esperamos otimizar esse crescimento exponencialmente e focar em aquisição de usuários, Exemplo; Pretendemos fazer parceria com grandes grupos locais como clubes de futebol para ajudar na promoção.
No final do ano, nosso objetivo é chegar a 500.000 downloads em ambas as plataformas (Android e iOS), pois estamos lançando também uma versão web-view do app que fará com que muitas buscas no google como ex; “flamenguistas rio de janeiro” leva ao nosso site/app onde o usuário pode ver as localizações preferidas desse grupo em questão no mapa. Nos próximos cinco anos esperamos atrair algumas dezenas de milhões de usuários ou até centenas, nós acreditamos que as pessoas que usam Foursquare/Swarm, Yelp, Meetup podem vir a ser usuários do Orbis e se tudo correr conforme o planejado. Esses serviços totalizam centenas de milhares de usuários no mundo todo.
Mais profundamente o objetivo filosófico é entregar para a sociedade um mapa digital do subconsciente coletivo e das tribos urbanas que lá habitam. Eu imagino o Orbis sendo uma espécie de bússola moderna do futuro onde as pessoas iriam abrir pra ver o mapa social das suas regiões.
5. Como vocês vêm à ambiente empreendedor no Brasil com relação aos seus desafios e oportunidades?
Os grandes desafios continuam sendo a disponibilidade de capital. Especialmente para ideias novas que não sejam uma cópia do que já existe no exterior ou não seja um produto financeiro com algum aspecto tecnológico que no final remete à ser apenas uma nova forma de empréstimo que provém um dashboard digital moderno para você acompanhar quanto juros está devendo.
Ironicamente essa falta de apetite dos investidores individuais e fundos locais de investir no absolutamente novo criou provavelmente um dos melhores, ou o melhor, talvez atrás apenas do Vale do Silício, ambiente de subsídios públicos e público-privados na forma de programas de incentivo para startups. Programas como o Startup Rio ou o Startup Brasil por exemplo, por terem seus projetos selecionados por atores que julgam os mesmos na base do mais puro cálculo de “quão inovador é” possibilita a criação de projetos verdadeiramente inovadores.
Creio eu que o zeitgest coletivo ainda não compreendeu totalmente essa oportunidade e só vai conseguir enxergar isso pelas lentes do futuro. Gosto de traçar um paralelo com Portugal no começo da era do descobrimento que era tão pobre de recursos que não teve opção à não ser se lançar ao mar por virtude de sua propria pobreza na busca de um futuro melhor e essa decisão os fez serem o país mais poderoso e rico do mundo pelos 200 anos seguintes.
Essa teoria também é expressa no livro do escritor norte-americano Malcolm Gladwell , “Davi e Golias a Arte de Enfrentar Gigantes”, no capítulo que ele menciona a “Vantagem das desvantagens”. Eu acho que eu vejo o atual ambiente empreendedor nesta fase, a vantagem da nossa desvantagem é que no aspecto de capital semente está mais fácil obter recursos para o seu projeto. Mas continuamos com a desvantagem de não ter capital de risco maduro suficiente para continuar a bancar projetos ambiciosos depois da fase de capital semente.