Kindle’s, PDF’s pirateados, e-PUB’s e muito mais…
Com toda essa tecnologia, possivelmente, não teremos mais livros, em um futuro próximo. Temos plataformas inteiras dedicadas aos livros digitais. O famoso escritor Umberto Eco, juntamente com Jean-Claude Carriere em “Não contem com o fim do livro” apresenta um conjunto de sugestões da razão pela qual não iremos perder os famosos de papel.
O que é o livro?
Para início de conversa, o livro nem sempre foi o que é hoje. Simplesmente era um meio de transmissão de um saber ou, de forma mais abrangente, um conjunto de textos ou imagens.
Papiro, pergaminho, códex, são exemplos de nomes de formas de se transmitir um conjunto de conhecimentos de forma escrita.
Hoje talvez, de forma não tão diferente, temos as formas digitais de transmitir alguma coisa, e formas de arquivá-los também.
Diferenças de pensamento sobre o livro
Podemos pensar no livro também como uma forma artística por si só. Uma obra de arte. Como acontecia na Idade Média quando um rei, membro do clero ou da nobreza, compravam um livro dos monges amanuenses ou copistas. O livro, feito à mão, com detalhes pensados para o futuro dono.
Temos ainda pessoas que realizam trabalhos parecidos. Há algumas editoras que fazem trabalhos de forma artesanal com similaridades de diversos cantos do globo – veja o livro Minas Geo/Gráfica: Casas editoriais mineiras gratuitamente, no catálogo da Editora Laboratório do curso de letras do CEFET-MG.
Qual a razão de se pensar o livro como uma forma artística?
Claramente a obra se enquadra em uma linha de direitos e de propriedades. O autor tem certos direitos perante sua criação, a editora detém outros, os ilustradores, e assim por diante.
O livro final, quando chega ao comprador, que adquire a propriedade do livro, torna-se um produto que passou na mão de várias pessoas para que pudesse se tornar o que ele é e foi pensado para ser.
Contudo, ao pensar no layout, design, composição gráfica, dos tipos e fontes, o livro se transforma muito mais que um mero grupo de letras, não é mesmo?
Tecnologias e pensamento envolvido
Não sei se você sabe, mas existe muita tecnologia ao pensar no livro!
Se já passou pela sua cabeça que escrever um livro, publicá-lo e divulgá-lo é simples, esqueça isso e repense seu projeto – com toda certeza você está fazendo errado, tem alguém muito bom te auxiliando ou você já passou por isso várias vezes.
Como citado, existem inúmeros processos acerca do produto final, assim como na construção de um relógio trabalhado a ouro.
Sem contar que, alguém no processo deve pensar qual será o público final – jovem, adulto, infanto-juvenil, etc. – para que toda a sua estrutura seja realizada de forma congruente.
Não só a congruência, como é descrito em “Texto, impressão e leituras“, de Roger Chartier, o que se lê muda de acordo com quem se lê e que período se lê. Isso quer dizer que, se você ler Alice no País das Maravilhas com 12 anos, poderá ser diferente de lê-lo aos 45, o que pode ser bom ou ótimo, se você achar interessante a experiência…
Se a forma de recepção da leitura se altera, o que fazer?
Grandes leitores podem constatar. Se você ama ler, pode ler um livro que gosta diversas vezes, certo? Fica fácil, gostoso, fluído…
Mas o melhor de tudo é que você pode prestar atenção em novas palavras, já que, como é descrito de acordo com a linha Gestalt da psicologia, vemos o que é similar pra gente, o que já conhecemos, o que tivemos/temos mais contato,
Portanto, é muito bom ler e ler novamente – leia Os benefícios da leitura.
Como é pensado o livro?
O livro, diferentemente nos dias dos copistas, hoje, ele é pensado para as massas em um determinado grupo. Seguimento de tendências. Como antes se pensava no gosto pessoal de uma pessoa; hoje, pensa-se no gosto coletivo.
E por que outras formas ganham o espaço dos livros?
Bem, muito simples. No celular, tablet ou computador, você pesquisa, encontra e lê, em menos de 5 minutos.
Com os livros, você saía de casa, procurava e talvez nem encontrasse. Mas, por outro lado, você também pode comprar seus livros, pelos mesmos dispositivos que lê.
Mas e se eu não tiver internet ou bateria para ler o meu livro? O que eu faço?
E por fim, o assassinato…
Embora eu possa baixar centenas de PDF’s (claro que depende de vários fatores, como o tamanho de cada um deles e do espaço disponível no aparelho, mas mesmo assim, ainda é possível), os dispositivos têm seus pontos negativos.
Esses pontos negativos são formas argumentativas de Eco para fazer com que nós pensemos. E utilizando de todos esses pontos, vamos pensar?
- É muito difícil de pensar que os livros irão acabar, embora o mercado editorial seja interessante, algumas áreas estão em queda real;
- Os equipamentos digitais são formas de auxiliar o que se fazia de forma manual;
Pois bem, eis aqui um assassinato resolvido: nós matamos os livros por não lê-los!
Por Pedro Rosemberg