“A arte não é só talento, mas sobretudo coragem.”
– Glauber Rocha –
Filme feito em 1959 com direção de Glauber Rocha, a obra iniciou sua carreira promissora.
Sobre o filme
O curta tem 12 minutos e nesse tempo demonstra grande desenvoltura técnica. Há momentos que lembra antes que de passageiro, uma abordagem de Mário Peixoto em “Limite”. Apresenta produção leve quanto à gastos e explora a montagem intensa através de planos detalhe e closes.
“Pátio” tem uma ideia complexa que deixa o espectador pensando como aquilo pode se encaixar em sua interpretação, essa é uma característica muito forte nos experimentais, citei “Limite” no início como possível inspiração, porque apesar deste ainda ter um mínimo de enredo, mexe com o interior, brinca com as emoções, talvez eu seja arrogante de compará-los, mas a minha experiência juntou as semelhanças.
O interessante é que Glauber, durante sua carreira, vai deixar esse tipo de filme à margem de seu repertório, claro, abusando de alguns elementos, mas com foco em algo mais politizado. “Pátio” não é o tipo de filme que a massa digere com facilidade, ele incomoda bastante, transmite mensagens simultâneas, o casal que perambula entre o chão xadrez, os sapatos estáticos, a vegetação que rodeia o cenário, as expressões nos rostos, isso tudo no campo visual. Esse conjunto acoplado a uma trilha sonora angustiante, cria um incômodo mental, atiça suposições e automaticamente você se pega ligando a obra com sua realidade ou estudo sobre psique.
Vale a pena assistir?
Antes desse curta, eu havia assistido alguns filmes de Glauber, todos representando seu rigor com a estética, os personagens principais vivendo a melancolia existencial, prova de que ele não abandonou os pilares do cinema experimental.
Toda a produção reflete seu lema “Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, proposta bem executada do início ao fim, a realidade está aí, só segui-la que logo se encontra o que tem de ser mostrado.
Achei um tanto quanto perspicaz, “Pátio” é de execução simples, porém, com abordagem complexa. A trilha sonora sensacional, seleção de enquadramentos pontuais e roteiro bem articulado. Então, sim! Vale a pena assistir!