A NASA está investindo bastante no retorno de astronautas para a Lua a partir de 2024 que é apenas um dos audaciosos objetivos do programa Artemis. Mesmo com tantos profissionais do mais alto nível e uma bagagem de mais de 50 anos em atividades espaciais, o programa Artemis ainda apresenta alguns riscos que podem inviabilizar a volta de missões tripuladas para o nosso satélite natural.
O Escritório de Prestação de Contas Governamental (Government Accountability Office – GAO) dos Estados Unidos apresentou um relatório na semana passada, no dia 26 de maio de 2021, em que foram identificados riscos técnicos e de gestão que podem adiar significativamente diversas etapas e conquistas do programa Artemis. Um dos pontos abordados pelo GAO foi o Human Landing System (HLS) que será o lander utilizado nas missões do programa para levar os astronautas para a Lua e trazê-los de volta para a estação espacial Gateway (ou para uma outra espaçonave na órbita da Lua). O programa HLS é um dos assuntos que mais tem chamado a atenção da mídia pelo fato da NASA ter escolhido apenas uma empresa para fornecer o lander lunar, que nesse caso foi a SpaceX com uma versão adaptada da Starship. Foi identificado um risco técnico crítico para o programa Artemis pelo fato de que as empresas que estavam concorrendo no contrato deveriam oferecer tecnologias maduras e confiáveis para desenvolver o HLS. Entretanto, todas as empresas apresentaram tecnologias que ainda estão em desenvolvimento.
Outro elemento crítico do programa Artemis é a estação lunar Gateway. A NASA resolveu enviar os dois primeiros módulos da estação em um mesmo lançamento. Nesse caso, o módulo de energia (Power and Propulsion Element – PPE) e o módulo de carga e tripulação (Habitation and Logistics Outpost – HALO) seriam enviados para Lua juntos para economizar o gasto de um segundo lançamento. Apesar da redução desse gasto, essa estratégia envolve o risco de utilizar o sistema de propulsão elétrico do PEE para levar os dois módulos para órbita lunar de operação. Esse sistema ainda está em fase de desenvolvimento, é uma tecnologia nova e possui uma capacidade de propulsão baixa.
Uma questão que “prejudica” o programa é fato dele não ser tratado pela NASA como um programa “oficial”, daí ele não segue várias políticas de gestão e critérios técnicos da agência. O relatório do GAO não é um documento oficial dizendo que a NASA “não vai conseguir cumprir o cronograma”, porém chama a atenção para pontos críticos do programa Artemis e ficou claro para muitos congressistas que muitas coisas precisam ser revisadas para minimizar os riscos em diferentes elementos das futuras missões lunares.