A pandemia causada pelo Coronavírus (Covid-19), tomou conta de 2020 e fez muitos profissionais se reinventarem, encontrando novos caminhos para exercerem seu ofício. O cinema acabou sendo um setor afetado diretamente e no meio desse distanciamento social forçado, os realizadores cinematográficos mostraram seu valor, colocando adiante as ideias que estavam no papel. Hoje falaremos sobre um filme universitário que se adaptou ao cenário proposto por 2020.
História e estrutura
Inspirado nos eventos antirracistas e antifascistas que ganharam forte volume no decorrer da pandemia, “Do outro lado” traz a história focada em estudantes que estão participando de uma disciplina optativa. Nós acompanhamos uma reunião cotidiana, até que um deles, ao compartilhar sua tela no aplicativo em vigência, acaba mostrando sua participação em grupos extremistas e isso gera um contexto de grande discussão no grupo.
O curta-metragem apresenta um enredo não muito complexo, mas que tem a capacidade de abordar temas bem atuais, introduzindo personagens com características diferentes entre sí. Esse conjunto forma uma estrutura sólida no fato de se contar a história central. Poucos momentos nos deparamos com subtramas, porém, quando acontecem, quebram a expectativa de quem assiste, deixando a experiência atrativa.
Apesar do formato visual flertar bastante com o gênero “Terror Cibernético”, adotado e viralizado no longa “Amizade Desfeita (2014)”, onde acompanhamos todas as situações através da tela de um dispositivo eletrônico (computador, celular, etc), o filme “Do outro lado” não se enquadra nesse tipo de terror. Seus traços são mais voltados a uma mesclagem de Terror psicológico (representando um contexto social de perseguição) com suspense e drama.
É interessante a disposição em grade das telas dos usuários no aplicativo Zoom. A quebra da quarta parede se torna algo comum, já que nas reuniões desse tipo as pessoas, por vezes, miram no “olho” da câmera e isso acaba gerando empatia, quando necessário.
Impressões
“Do outro lado” é um curta-metragem certo para o momento certo. É uma produção que em seus 13 minutos tem tom objetivo. O curto tempo de duração deixa o espectador esperando por mais situações envolvendo aqueles personagens.
A co-Direção realizada por André e Andy (que também encarna um dos personagens) tem seu ponto alto com os atores que conseguem atuar da forma mais natural possível e entregar o fervor das cenas.
A edição e montagem feita pela Ieda Lagos é muito importante e logo no início escutamos recortes de notícias sobre os protestos foco da trama, tal como são anunciadas pelas emissoras conhecidas. Esses elementos já delimitam nos primeiros segundos, o peso e a direção que a narrativa irá tomar. Os inserts com as gravações da tela do whatsapp funcionam magistralmente.
No mais, é um filme que trata de tema sério e instala reflexões pertinentes acerca do que ocorre em vários lados da sociedade.
Segue o link para assistir ao filme, disponível no Youtube:
https: //www.youtube.com/watch?v=vHWOlFZj0Oo&t=11s
Por
Juliano Ferreira