Acabei de assistir o filme e bateu uma curiosidade à respeito do título e é incrível as possibilidades de significados que encaixam com os sentidos apresentados no longa. O primeiro que achei aproximar mais da proposta foi o que fala: “Substância impura que envolve um mineral”, isso traz uma referência direta à profissão do protagonista e sua relação com o colóquio amoroso retratado.
A situação
Humberto Mauro não está na minha lista de mais assistidos, pois estou conhecendo seu trabalho recentemente e afirmo com precisão a minha satisfação em realizar a escrita desta crítica. Início a minha visão relatando um ponto negativo que não é um problema exclusivo de “Ganga Bruta”, estou falando da pescagem do público alvo, é evidente uma sofisticação linguística material voltada para uma elite que sabemos não ser maioria de um país recentemente liberto da escravidão, o interior não tem tanto acesso a cultura cinematográfica, estou batendo nesta tecla, pois esse é o exemplo de um filme extraordinário feito para poucos e deveria atingir várias classes.
Entrando nos pontos positivos, friso o que julgo extremamente importante na construção de filme, a montagem de uma narrativa expressa em significados. Humberto é focado em transmitir mensagens desde o primeiro plano, quando ele quebra o paradigma do plano geral inicial e joga aquele close no rosto da personagem. Ele é muito técnico e vendo as produções atuais, percebi o quanto isso se perdeu, você quando faz um plano, tem que passar uma mensagem com aquilo, mesmo que sua intenção seja não passar uma, mas querendo ou não, gera um significado para você e quem estiver assistindo. Em “Ganga bruta” eu não vi um plano desnecessário, a trilha sonora acompanhando e ditando as sensações do espectador, as atuações certeiras e incorporando uma empatia confortável. Do início ao fim eu fiquei interessado na história.
O roteiro
O roteiro é muito forte no sentido de construir personagens e estabelecer relações entre eles, tem como intenção maior, aprofundar no jogo entre caçador e caça, vivido pelo casal principal. A relação imposta entre a Ganga e o minério é muito didática, a questão do protagonista ter seu interior violento e a garota externar sua ingenuidade e feminilidade é completamente entendível para quem aprecia esse filme. É uma obra inigualável.
Por
Juliano Ferreira