O bandido
Esse é um longa que tem a direção e roteiro feitos pelo Rogério Sganzerla, que na época do lançamento, tinha apenas 22 anos. Ele conseguiu viver do cinema ao longo da vida, mas seus outros títulos não tiveram tanta notoriedade quanto a do filme que irei escrever sobre.
Abusando e externando da cultura pop em tela, “O bandido da luz vermelha” é um filme de ficção baseado nos crimes cometidos pelo personagem-título. A trama em sua totalidade apresenta características que até então não percebi nos outros filmes nacionais da época, que assisti. Os enquadramentos e movimentos da câmera, apesar de não serem originais na composição, são bem colocados e dinamizam o fato em foco, recurso explorado a fundo no cinema Hollywoodiano, peguei essa referência logo de início com a perseguição de automóveis.
O protagonista “rouba” a cena com a atuação intensa de Paulo Villaça, você sente o peso dramático a ser transmitido e as cenas que envolvem a quebra da quarta parede são sensacionais. Os demais componentes do elenco cumprem seu papel de forma importante. A trilha sonora é repleta de canções que provavelmente o público da época estava familiarizado, pude reconhecer algumas e isso fez com que eu me aproximasse mais da proposta da obra.
O roteiro mescla elementos quanto à narrativa, segue a clássica, mas traz o rompimento da quarta parede, há sempre uma narração, seja de jornalista, seja do protagonista, tem o arco do herói, seus conflitos pessoais e profissionais são apresentados sem dificuldade de interpretação. Gostaria de parabenizar também a montagem com cortes milimétricos e encaixes estudados com otimismo.
O legado
O filme realiza críticas fortes ao contexto da época, estamos falando de algo lançado em 1968, a ditadura estava ocorrendo desde 1964, temas como sexualismo, terrorismo, comunismo, guerras, pobreza, corrupção e movimento intelectual são discutidos e ao assisti-lo, a impressão é que enquanto leio uma crônica de jornal, estou escutando uma rádio-notícia.
“O bandido da luz vermelha” pode ser chamado de clássico nacional, devido ao processo em geral, não tive dificuldade em perceber os signos apontados. É um longa que tem linguagem forte voltada para uma esfera política e social de 1968, pode ser usado até por historiadores. Não fica devendo em nada do que propõe e prendeu a minha atenção.
Por
Juliano Ferreira