O despertar
Curta-metragem realizado em 1942, foi concebido pelo Humberto Mauro que dispensa apresentações, simplesmente um ícone da gama cinematográfica brasileira, esse é o terceiro filme de sua autoria que tenho o prazer de assistir e comentar.
O curta faz uma viagem no tempo contando uma história breve para justificar e esclarecer ao espectador o motivo da princesa Isabel assinar a carta da Lei Áurea. Humberto usufrui de seus recursos padrões, a começar pela câmera que a todo momento sinaliza o ponto interessante na sequência da trama, a ambientação e decoração dos locais são mostrados com o intuito de “martelar” a situação transmitida.
No início tem a narração que temporiza a época da história e em seguida os personagens nos guiam com ações. A montagem casa como sempre nos filmes desse cineasta, fica fácil adquirir empatia com o objeto em cena.
Apesar de saber os significados da Lei Áurea para a construção nacional, é interessante absorver obras que contam seu contexto, porque se você puxa isso para um âmbito de cultura como é o cinema, por exemplo, a população consegue acesso às informações de forma mais optativa.
O diretor tomou cuidado ao construir as personagens e ambientá-los. O engraçado é que a princesa Isabel é retratado de forma muito ingênua e essa característica Humberto Mauro tem facilidade de trabalhar, principalmente em figuras femininas.
A relação da protagonista com sua amiga é sempre de brincadeira e inocência infantil, até que elas encontram uma escrava passando fome e com medo, Isabel vê seu sofrimento e percebe que o Brasil colonial não é como no Palácio Real, o mundo afora apresenta desumanidade.
A Redentora
“O Despertar da Redentora” traz reflexões sobre a escravidão, no final temos imagens dos escravos felizes sendo libertados, mas se estudarmos a fundo, veremos que após as libertações, os mesmo ficaram sem opções para uma vida digna, pois saíram sem nada. Isso não é uma crítica, apenas uma observação, pois acho que o objetivo do filme era ilustrar o contexto da Lei Áurea e não o que sucedeu.
Gostei e indico. Mais um filme extremamente didático que com 18 minutos passa um assunto que a pessoa demoraria horas para entender. Fotografia genial, roteiro na medida e trilha sonora nos conformes.
Por
Juliano Ferreira