As novelas como “Pão e Circo”
As telenovelas, assim como uma outra produção cultural de base imagética – estruturada com um objeto real para o imaginário – baseia-se em um conjunto estruturado de algo observado – observável -, ou seja, algo existente, tangível, para assim, e somente assim, partir para algo construído ficcionalmente.
Audiovisual e escrita
Desse modo, portanto, a característica de produção à qual as novelas estabelecem-se está próximo ao método relacionado à sua escrita – o roteiro -, no qual, ainda mais próximo, está de uma produção literária em sua base.
No que se refere à produção gráfica da obra audiovisual novelística, há diversos pontos que podem ser analisados, tais quais a paleta de cores – psicologia das cores – e o contraste estabelecido entre as cores e as emoções, acrescentando à imagem formas mais congruentes ao que os responsáveis pela produção desejam transmitir.
Desde este ponto, temos uma construção sócio-política que ressoa na imagem e altera, agrega ou destoa de um sentido vago para um sentido deliberado – ou não.
De acordo com a doutrina gestáltica, as cores em uma produção cinematográfica ou novelística seria, aos olhos comuns, associados a uma composição geral da cena, ou seja, poucos – principalmente os desconhecedores das oito leis da Gestalt e da psicologia das cores.
Gestalt no cinema e a teoria das cores
Junto com teorias psicológicas, a Gestalt viria também com estigmas socio-políticos. Há a noção de que as novelas seriam modos construtivos e desconstrutivos de demonstrar a “face da sociedade”, uma vez que poderia reforçar ou tentar desestruturar valores, crenças, virtudes e até abarcar as próprias singularidades mal vistas da sociedade em que se insere e que está inserida, geralmente, na que é produzida.
Com vasta inserção nos lares brasileiros, a televisão – englobando as novelas, produções midiáticas e audiovisuais diversas – geram um artifício identitário, ou seja, uma espécie de influência psico-social, não só de empatia dos telespectadores para com os personagens, mas também com os autores atuantes:
Agente contribuinte para a influência massiva
Embora não penetre de forma a não projetar preconceitos, ela oferece a possibilidade de que o conhecimento e a visibilidade em lugares inacessíveis para alguns possa, mesmo que apenas visual, ser [re]conhecida, auxiliando a população que nunca antes fora a tais lugares.
Apesar deste amplo benefício, as representações abordadas são comuns, generalizadas e superficiais, sendo o que o economista do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Alberto Chong, alega:
A televisão desempenha um papel crucial na circulação de idéias, em particular em nações em desenvolvimento com uma forte tradição oral, como o Brasil […] alguns programas de televisão podem ser uma ferramenta para transmitir mensagens sociais muito importantes que ajudem, por exemplo, a lutar contra a disseminação da epidemia de Aids e promover a proteção dos direitos de minorias.”
Por fim, o entretenimento
Observa-se portanto que, com a instauração de um modelo abrasileirado das telenovelas e, com o grande desejo dos telespectadores de obter uma dose ficcional para afastar-se das próprias mazelas do cotidiano.
Receber um acalento de sonhos e possíveis realizações, existe também, a postulação de que a novela interfere no cotidiano daqueles que a assistem.
Além de um método de atenuar as pressões diárias, como entretenimento, ou um pão e circo, as telenovelas atuam como uma metodologia participativa eficaz na difusão de valores éticos e morais.
Demonstram que naquela sociedade há dificuldades (demonstrado em diversas telenovelas que se passam na periferia e/ou no nordeste brasileiro, demonstrando assim, um preconceito superficial) e belezas (comumente como é demonstrado em telenovelas que se passam no Rio de Janeiro e/ou São Paulo – maioria das novelas -, novamente, uma demonstração superficial e preconceituosa, como se todos os brasileiros que ali vivem, são o que é mostrado na novela).
Por Pedro Rosemberg