Você já imaginou viver sem luz elétrica? Ter que acompanhar a trajetória do sol para dispor de algum conforto? Igualzinho como viviam lá antes da invenção da lâmpada. É meio difícil, não é? Em grandes cidades e metrópoles, a luz é uma constante; nós vivemos com ela e dependemos dela para estudar, trabalhar, fazer tarefas domésticas e enxergar o que nos envolve. Porém, em muitos lugares do Brasil e do mundo, essa não é a realidade. Segundo um relatório da ONU, 1,3 bilhão de pessoas não tem energia elétrica. Comunidades ao redor de todo o planeta não possuem acesso completo à luz e foi daí que surgiu a necessidade de um projeto como o “Um Litro de Luz”, que visa fornecer soluções de iluminação ecologicamente sustentáveis para aqueles que não possuem acesso adequado à eletricidade.
O projeto nasceu por acaso em 2002, quando um apagão fez com o mecânico brasileiro Alfredo Moser buscasse uma solução por conta própria. Então ele criou sua lâmpada artesanal, uma garrafa PET cheia de água e alvejante, instalando-a no telhado e levando seus vizinhos a adotarem a ideia. Mais tarde, o filipino Illac Diaz, criador da My Shelter Foundation – que promove projetos sustentáveis de baixo-custo – viu nessa solução simples, a oportunidade de ajudar famílias carentes em seu país, criando o projeto “Um Litro de Luz”, em 2012.
Desde então, com doações, workshops e patrocínios, o projeto cresceu astronomicamente e hoje atua como uma ONG em diversos países de todos os continentes, inclusive o próprio Brasil, com milhares de pessoas sendo atendidas (cerca de 10 mil só no país) e milhões de soluções sendo implantadas. Hoje, quatro tipos de lâmpadas são levadas às comunidades: um lampião de garrafa PET e painel fotovoltaico, portátil para percursos que necessitam de luz – como a travessia de moradores de comunidades ribeirinhas -, iluminação interna para até quatro cômodos, feita com painel solar, lâmpadas LED, bateria e controlador de carga, lâmpadas especialmente para o período noturno e postes para iluminação externa de áreas públicas, com materiais como garrafa PET, painel solar, bateria, lâmpadas LED e cano de PVC.
A ONG trabalha com voluntários e recruta os próprios moradores das comunidades, capacitando- os de forma simples a fazerem as lâmpadas artesanais para suas casas. Além de luz, dá um senso de dever e uma função para cada um através de oficinas. São eles que decidem onde é melhor e mais conveniente a instalação das soluções e, depois, sua satisfação vale para acompanhamento do impacto social, que é tremendo! E isso tudo com materiais baratos e ecológicos, montados de forma eficiente.
“Um Litro de Luz” ainda tem muito a viver e muitas comunidades a impactar e está sempre aberta para doações e trabalho voluntário, percorrendo todos os lugares. Ele mostra que as pessoas ainda se importam umas com as outras, com o meio ambiente e a sociedade, e que, melhorando a qualidade de vida das comunidades, nunca é demais levar um pouco de luz para o mundo. Todos são capazes de transformar, um pouquinho que seja, nosso planeta.